26.8.12

Dia 30 - Ensinar alguma coisa que você saiba fazer a alguém


Última tarefa! Demorei mais tempo do que imaginei que fosse preciso, mas acho que tudo correu como deveria ser. Estou terminando o desafio hoje, embarcando por duas semanas férias amanhã e na volta, não estarei mais na casa dos meus pais. O fim de um ciclo. Esse período do desafio foi realmente transformador. Fiz coisas que jamais pensei que pudesse fazer, tentei me abrir mais, ser mais livre com sentimentos e emoções e esse blog foi meu instrumento de libertação.

Há alguns meses, vi uma palestra de Rick Warren, autor do livro “Uma Vida com Propósitos”. Ele fala justamente sobre como viver com mais plenitude e se sentindo útil. Uma das lições sobre a qual ele fala é que devemos buscar saber o que temos nas mãos, o que nos foi dado nessa nossa vida e analisar como estamos utilizando isso. Quais são os talentos e habilidades que você tem e como você os utiliza? Não me considero uma pessoa com alguma habilidade específica que pudesse me colocar em lugar de destaque, ou a ponto de poder ensinar as pessoas. Esses dias de 30-Day Challenge, me ajudaram a chegar um pouco mais perto do que imagino ser uma maneira mais correta de se viver e gostaria de aproveitar essa última tarefa para contar a vocês, amigos que me acompanharam nesse período, as coisas que pude aprender.

1 – Rotina só existe se você quiser. Muita gente passa a vida reclamando da rotina. Reclamam que fazem sempre as mesmas coisas e que estão infelizes com a vida que levam. Fazendo pequenas mudanças, a rotina desaparece. O dia em que saí sem carro é um bom exemplo disso. E coisas ainda menores podem ser feitas. Experimente reparar mais no que está ao seu redor e nas coisas que vê no caminho. É como se um novo leque de opções se abrisse.

2 – Pensar demais atrapalha. Dizem que o homem utiliza apenas 10% da capacidade do seu cérebro. Acho que os outros 90% são utilizados com suposições e criando cenários que nunca existiram e nem vão existir.  Saia da sua cabeça e veja como as coisas mudam para melhor.

3 – A melhor maneira de parar com pensamentos negativos é a ação. Muitas vezes fiquei nervoso com as atitudes que iria tomar, sendo tomado por centenas de pensamentos e enquanto não agisse, esses pensamentos me dominavam. Quando nosso eu crítico ameaçar aparecer, quebre com ação. Pare de pensar e simplesmente faça.

4 – Elogie sempre que possível. Algumas pessoas me criticaram ou ironizaram esse desafio em que me lancei. Mas recebi o elogio de muitas outras. E esses elogios têm o efeito de eliminar as críticas e torná-las irrelevantes.  Todas as pessoas procuram aceitação e muitas vezes questionam se estão fazendo o certo. Elogiá-las mostra que estão no caminho certo. Nunca é demais. Sempre é bem aceito.

5 – Se o que você pretende fazer vai beneficiar outra pessoa, faça! É engraçado, mas algumas das atividades que fiz tinham o intuito de ajudar as pessoas e mesmo assim eu ficava receoso em fazer. Por que motivo? Se a idéia é fazer o bem, por que ter medo? Faz bem se generoso. Ser generoso com os outros, deixa as pessoas com quem você interage felizes e faz você se sentir bem. Acho que esse é o combustível para melhorar a sociedade. Se todos fossem generosos, que espaço restaria para o individualismo?

6 – As pessoas que gostam de você, sempre vão querer a sua felicidade. Não tenha medo da crítica, ou de desagradar as pessoas que você mais gosta. Se o que você pretende fazer tem sua felicidade como finalidade, você não vai desagradar a essas pessoas. Elas querem o seu bem, tanto quanto você.

7 – Acabe com o isolamento. Entre em contato com as pessoas que você gosta. Ligue para seus amigos, escreva mensagens bacanas, visite essas pessoas. As barreiras que nos separam são invisíveis e alguém precisa rompê-las. Não pense que as pessoas não ligam para você. Elas apenas estão presas nas mesmas barreiras invisíveis que você.

8 – Contato com a natureza. Uma das melhores heranças que terei desse desafio, foi ter adquirido o hábito de cuidar de um jardim. A natureza revela todos os ensinamentos que precisamos e nos coloca no presente. É possível aprender muito reparando nas plantas, nos animais e em tudo que é natural. Devemos deixar nossa vida ser natural como a natureza.

9 – Não existe certo ou errado. Se você busca fazer o bem, evoluir ou a felicidade, a sua maneira é a maneira certa. Se pensasse em regras, certo, ou errado, não teria completado esses desafio. Por vezes pensava se estava cumprindo corretamente as tarefas, mas desde que estivesse buscando me tornar uma pessoa melhor, estava no caminho.

10 – Constância. Ter constância é fundamental para conseguir criar novos hábitos e mudar comportamentos. Nos períodos em que tive constância, tudo fluía mais fácil. Quando perdi a constância, tive dificuldades, deixei a rotina me engolir, perdi o espírito de fazer o bem. Ghandi disse que “pensamentos tornam-se ações, ações tornam-se hábitos, hábitos tornam-se caráter e nosso caráter se torna nosso destino”.

Nesses 60 dias que duraram meu desafio de 30 dias (rs), pude aprender essas coisas que citei acima. Claro que ainda tenho dificuldade em aplicar todos esses insights no meu dia-a-dia. São coisas que aprendi, mas que ainda não são hábitos meus. Como vocês puderam acompanhar,  tenho muitos anseios, medos e inseguranças que me impedem de ser totalmente livre. Mas acho que estou caminhando passo a passo para melhorar. Não tive a pretensão de ser melhor que ninguém, nem de me mostrar uma pessoa que não sou. Apenas busco ser um ser humano melhor que já fui.

Obrigado a todas as pessoas que acompanharam esses posts, que me enviaram mensagens de apoio e elogios. Foi daí que tive força e disciplina para completar.

Para terminar, revelo um segredo. Todos os dias, quando ia começar a escrever, colocava o fone e ouvia a essa música. Foi o tema que deu a inspiração dos meus textos.



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Dia 29 – Visitar um parente que você não veja com freqüência

Quando comecei esse desafio, achava que uma das primeiras tarefas que realizaria seria visitar um parente. Assim, pensei em deixar mais para o final, para ficar na manga, e realizar quando tivesse dificuldade com outras tarefas. Acabou que foi uma das tarefas que mais tive dificuldade de realizar. Curioso, não?
Acontece que à medida que postava minhas tarefas no blog, mais gente ficava ciente do que estava fazendo. E aí começou a acontecer uma coisa que é muito ruim para a realização de atividades. Fiquei preso dentro dos meus pensamentos, achando que as pessoas poderiam achar que eu estava visitando apenas para cumprir uma tarefa e postar no blog. Uma atitude egoísta e não uma visita genuína. Com isso, limitei as minhas escolhas e apesar de ter uma família grande, fiquei com vergonha de ligar para encontrar alguns parentes que poderia ter visitado. No fundo, é verdade que visitaria para cumprir a tarefa, mas na realidade são atividades que são de fato transformadoras e mudam a maneira como você se comporta. Portanto, mesmo que você esteja fazendo algo por você mesmo, se trouxer alegria para os  outros, então tudo bem.
Hoje em dia, fazer uma visita pessoal é uma coisa incomum. Especialmente em uma cidade como São Paulo. Temos contato com centenas de pessoas pelas nossas redes sociais, mas não falamos mais com elas. Fazer uma visita em suas casas é algo ainda mais raro. Quando foi a última vez que você ligou para alguém que não via há um tempo e disse “Estou dando uma passada para fazer uma visita, ok?”? Apenas vamos à casa das pessoas quando ela nos convida e ainda assim, vejo que esses convites têm ficado cada vez mais escassos. Está cada vez mais difícil encontrar as pessoas que queremos por perto. Todo mundo está sempre ocupado com trabalho, eventos pessoais e os diálogos  costumam ser mais ou menos assim:
- Po, que saudade de você.
- Pois é, eu também. Você sumiu.
- Eu to sempre por aqui, você que sumiu.
- É verdade, vamos marcar alguma um dia desses.
- Vamos sim. To indo viajar daqui duas semanas, mas quando eu voltar a gente marca.
E nunca marcamos. O tempo passa e você se afasta das pessoas. Fiquei de visitar alguns amigos quando seus filhos nasceram e quando o fiz, o filho já estava como mais de um ano. Outros, fui deixando o tempo passar e não visitei. E depois de tanto tempo, você fica com vergonha, por ter passado tanto tempo. Acho que é assim que as pessoas se afastam. O tempo traz consigo um componente psicológico, que deixa o contato esquisito e supostamente inadequado.
Como disse no começo do post, achei que fosse ter mais facilidade com essa tarefa. Tive sentimentos esquisitos, como achar que poderia incomodar alguém e dar trabalho ao ir até sua casa e fazê-la me receber, tentar adivinhar o que ela poderia pensar de minha visita ou ligação inusitada. Um misto de nervosismo, ansiedade e receio de incomodar. Ridículo,não é mesmo? Eu invejo a simplicidade da vida no interior, onde as coisas e as pessoas não têm essa complexidade. Falo por mim, mas acho que muita gente vive a mesma situação.
Hoje fui com meu pai e minha irmã visitar minhas tias avós. São duas irmãs da minha avó que vivem sozinhas e somente encontro em festas grandes (casamentos ou aniversários múltiplos de 10) ou em velórios e enterros. Elas vivem no mesmo bairro onde trabalho e ainda assim as vejo com pouca freqüência. E foi muito gostoso.
Encontrar pessoas que gostam bastante de você mostra o quão ridículo é hesitar em visitar. Você sempre será bem recebido pelas pessoas que gostam de você e sempre levará um pouco de alegria para elas. Tomar chá, comer bolo, ouvir histórias e sentir que tem gente que você não vê com freqüência e que deseja o seu bem sempre. Como disse Vinícius de Moraes, “a vida é a arte do encontro”

22.8.12

Dia 28 – Dizer “Eu te amo” para alguém que você não costuma dizer


28ª tarefa sendo realizada no dia do meu 28º aniversário. O dia certo para fazer resoluções é o réveillon ou o dia do seu aniversário? Eu particularmente gosto de fazer resoluções e planos para um ano novo. A vida é feita de ciclos. A natureza tem ciclos: as plantas nascem crescem e morrem, o sol nasce, brilha no céu e se esconde no horizonte, os animais se orientam por ciclos. Os ciclos fazem parte da nossa vida. O fim do ano de um calendário marca o fim de um ciclo e com o início de um novo período. A energia se renova e se revigora. Penso que devemos aproveitar esses ciclos para repensar nossas atitudes e comportamentos, buscando sempre nos tornarmos pessoas melhores.

1º de janeiro é uma data em que faço planos e repenso meus objetivos. E 22 de agosto é a data em que faço balanços sobre esses planos traçados e repenso minha vida. Tem gente que aproveita o aniversário para cumprir promessas, como parar de fumar, ou começar academia. Eu procuro pensar em coisas um pouco mais subjetivas e ver o que posso melhorar em termos de comportamento e na maneira como conduzo minha vida.

No começo desse ano, meu objetivo maior era levar a vida com mais leveza. Me cobrar menos, confiar que as coisas acontecem da maneira como devem ser e que tudo é perfeito. Olhando para trás agora, penso que dei um belo passo nesse sentido, especialmente quando vejo que consegui colocar mais coisas em prática, como esse desafio, por exemplo, sem me apegar muito ao resultado, ou ficar com medo do que possa acontecer. Pensar menos e fazer mais. No entanto, ainda penso muito que as coisas dependem de mim e que eu sou responsável por tudo que me acontece. Isso tira um pouco da leveza e me tira do presente, uma vez que fico tentando avaliar se o que faço é correto, ou tentando supor o resultado de cada atividade. Por isso é bacana aproveitar o dia do aniversário para repensar os objetivos traçados e redirecioná-los.

Ultimamente, tenho tentado ser mais livre em relação aos meus sentimentos e tentar racionalizar menos. E é exatamente isso que pretendo prestar mais atenção. As tarefas que realizei nesse desafio e especialmente os textos que escrevi e a maneira como me expressei têm me ajudado muito a ser mais livre. Sinto que quem não me conhece, começa a conhecer melhor as coisas que passam pela minha cabeça, e quem já me conhece, consegue entender melhor meus anseios. Isso é um grande passo para uma libertação maior.
Para algumas pessoas, dizer “eu te amo” é uma coisa muito comum, simples e fácil. Para mim, nunca foi. Talvez porque minha família também é mais reservada, ou simplesmente porque não tenho esse hábito. Minha namorada Vitória tem sido a pessoa que mais tem me ajudado a me abrir mais e expressar melhor meus sentimentos.

Além do fim de um ciclo de 365 dias que termino ao completar 28 anos, estou de malas prontas para deixar de morar na casa dos meus pais, talvez apenas temporariamente, ou possivelmente o fim de mais um ciclo. E por mais absurdo que isso possa parecer, não me recordo da última vez em que disse “eu te amo” para meus pais. Assim, gostaria de aproveitar esse desafio de hoje e as boas vibrações que recebi de todos meus amigos pelas mensagens de feliz aniversário que recebi de meus amigos e repassar isso aos meus pais e à minha irmã. São as pessoas que mais amo nesta vida e as que menos recebem demonstrações de afeto de minha parte. Pai, Mãe e She, amo vocês!

Aos meus amigos, obrigado pelas mensagens de feliz aniversário. Amo vocês todos também!

20.8.12

Dia 27 - Convidar amigos para um jantar



Mais um longo período sem cumprir nenhuma tarefa. O final do desafio limita um pouco minhas ações e dificulta a realização. Tenho percebido cada vez mais uma característica minha que antes achava positiva, mas que acho que me prejudica mais que ajuda. Tenho muita iniciativa para fazer muita coisa, gosto de fazer várias coisas ao mesmo tempo, ocupar minha agenda e minha cabeça com planos e tarefas, mas tenho dificuldade de completá-las. Isso vale tanto para coisas da minha vida pessoal que começo a organizar e deixo semi-organizada, idéias que começo a rabiscar e depois ficam intocadas e até atividades do meu trabalho. Refletindo sobre isso, tenho algumas vagas idéias do que podem gerar isso: o falso pensamento de que o desafio maior já foi batido (começar, ou fazer grande parte), a vontade de querer que algumas coisas durem mais tempo (sempre fico triste quando as coisas chegam ao fim, seja viagem, um show, um filme ou mesmo uma semana) e o desejo de querer fazer da melhor maneira possível, que acaba por me paralisar. 

No caso desse desafio, acho que essas três coisas estão presentes: Penso que o mais difícil já fiz e estou de certa forma, orgulhoso de mim mesmo, não queria que esse desafio tão legal de se realizar terminasse e queria que os últimos posts fossem os melhores. Resultado: 4 tarefas para o fim e fiquei paralisado.

Essa é a semana do meu aniversário e portanto, uma boa semana para completar não vou decepcionar quem acompanhou todos os outros dias.

Sábado aproveitei para comemorar meu aniversário com um churrasco com amigos. Sou daquelas pessoas que gosta do seu aniversário e de comemorar. Acho que mais do que simplesmente comemorar mais um ano de vida, é a possibilidade de juntar todas as pessoas que mais importam para você. No meu caso, namorada ( :) ! ), amigos e família. Muitas vezes deixamos de fazer coisas pensando no dinheiro. Pensamos em quanto vamos gastar, em quanto isso pode nos atrapalhar com nossas finanças, mas a verdade é que distribuímos o montante que ganhamos. Tente pensar em todo o dinheiro que você gastou com eventos que não lembra nem ter ido, com coisas que comprou e nem sabe onde estão hoje, ou com manutenção de coisas que nem mais tem. Pensem em quanto dinheiro você gastou com pessoas que sequer sabe onde estão hoje. E quanto você gastou com pessoas que estão o tempo inteiro com a gente? Provavelmente o valor que gastou com as pessoas que você mais ama é MUITO inferior a esses outros gastos. Pensando dessa maneira, faz todo sentido convidar mais seus amigos para jantares, churrasco, ou eventos. Presentear mais essas pessoas, seja em datas especiais ou sem motivo algum. É apenas uma questão de deixar tudo proporcional.

Para mim, essas pessoas queridas têm o efeito de me fazerem ser uma pessoa melhor. É pensando em agradar elas que faço as coisas que faço e são elas que me dão forças e incentivos para buscar realizar meus sonhos pessoais. Estamos todos conectados e não é possível se realizar individualmente sem a ajuda e a companhia de outros.

A grande lição que tiro desse final de semana é que dinheiro gasto pelas pessoas que você gosta é muito bem gasto. Pretendo fazer isso mais vezes e à medida que meus rendimentos aumentarem, seria legal manter uma certa proporção disso, em relação a outros gastos supérfluos que temos.

7.8.12

Dia 26 - Dar uma gorjeta gorda para alguém que lhe prestou um serviço


Onze dias sem escrever. Como já cheguei a dizer em algum dos posts, imaginava que poderia ter dificuldade para terminar. Mas não esperava que poderia chegar a ficar tanto tempo como esses onze dias. Minhas desculpas? Teria muitas para dar, mas usá-las seria enganar a mim mesmo. A verdade é que não tive a disciplina para terminar as tarefas. Talvez pelo fato de estar chegando perto do final, relaxei. Como se esses 25 dias já tivessem provado para mim mesmo de que sou capaz. Ou como se atingisse uma zona de conforto. Me faz lembrar o dia que dormi no volante voltando para casa e bati o carro a 200 metros de casa, dentro do meu condomínio, por relaxar no final, depois de um caminho de 30km lutando contra o sono.
                
Quando você fica um dia sem escrever, sente um pouco mais de dificuldade no dia seguinte. Quando você fica mais tempo sem escrever, a força necessária para retomar um hábito é muito maior. No meu caso, a dificuldade era dupla: realizar uma tarefa durante o dia e escrever à noite. Quando digo dificuldade, estou tentando me convencer de que é difícil, mas a bem da verdade é que depende apenas de um esforço pequeno inicial. Depois as coisas fluem. Forcei-me a fazer prestar mais atenção ao meu dia de hoje, para encontrar uma atividade que pudesse realizar e estou me forçando a escrever agora. São 23:11. Acabei de chegar em casa, estou cansado, mas senti que se não escrevesse hoje, poderia ficar ainda mais complicado amanhã.

Parei para abastecer o carro ao sair do trabalho em direção ao estúdio onde ensaio com minha banda. O frentista sorriu simpático e me pediu para encostar em uma bomba. Encostei e disse o tradicional: “completa com gasolina, chefe”. Ele respondeu me dizendo que não era naquela bomba e que deveria ir para outra. Na hora pensei “Po, ele que me mandou encostar naquela.” Liguei o carro e manobrei para parar o lugar onde ele me sinalizou. Pedi para aproveitasse e calibrasse meus pneus. Ele perguntou  quantas libras e respondi:  “32 na frente e 30 atrás”. Estava distraído mexendo no celular e quando olho, ele está calibrando os pneus de trás com 32. Fez confusão. Avisei o frentista, que sorriu e pediu desculpas.  Ameacei ficar irritado com suas trapalhadas, mas cortei esse pensamento. Após calibrar o pneu, trouxe a máquina do cartão. Passou o valor errado e eu o corrigi. Passou novamente, dessa vez o valor correto e pediu para que assinasse a primeira via que saiu da máquina. Pedi uma caneta e ele disse que não tinha. Saiu para buscar. Eu estava um pouco atrasado para o ensaio e acho que por isso ameacei me irritar novamente. Quando ele voltou, abriu um sorriso e me entregou a caneta. Ele estava completamente atrapalhado, e pude perceber isso. Ao invés de criticar ou reclamar, sorri de volta e decidi dar-lhe uma bela gorjeta. O sorriso que abriu foi ainda maior. Após todas essas “trapalhadas”, acho que não esperava ganhar nada em troca, pelo contrário. 

Qualquer paulistano reclamaria do atendimento. Mas quem disse que temos que  agir sempre do mesmo jeito? Somente que presta bom serviço deve ser recompensado? O sorriso e a pureza ao pedir desculpas valem tanto quanto um bom serviço prestado. Pelo menos para mim. Pelo menos dessa vez...