7.8.12

Dia 26 - Dar uma gorjeta gorda para alguém que lhe prestou um serviço


Onze dias sem escrever. Como já cheguei a dizer em algum dos posts, imaginava que poderia ter dificuldade para terminar. Mas não esperava que poderia chegar a ficar tanto tempo como esses onze dias. Minhas desculpas? Teria muitas para dar, mas usá-las seria enganar a mim mesmo. A verdade é que não tive a disciplina para terminar as tarefas. Talvez pelo fato de estar chegando perto do final, relaxei. Como se esses 25 dias já tivessem provado para mim mesmo de que sou capaz. Ou como se atingisse uma zona de conforto. Me faz lembrar o dia que dormi no volante voltando para casa e bati o carro a 200 metros de casa, dentro do meu condomínio, por relaxar no final, depois de um caminho de 30km lutando contra o sono.
                
Quando você fica um dia sem escrever, sente um pouco mais de dificuldade no dia seguinte. Quando você fica mais tempo sem escrever, a força necessária para retomar um hábito é muito maior. No meu caso, a dificuldade era dupla: realizar uma tarefa durante o dia e escrever à noite. Quando digo dificuldade, estou tentando me convencer de que é difícil, mas a bem da verdade é que depende apenas de um esforço pequeno inicial. Depois as coisas fluem. Forcei-me a fazer prestar mais atenção ao meu dia de hoje, para encontrar uma atividade que pudesse realizar e estou me forçando a escrever agora. São 23:11. Acabei de chegar em casa, estou cansado, mas senti que se não escrevesse hoje, poderia ficar ainda mais complicado amanhã.

Parei para abastecer o carro ao sair do trabalho em direção ao estúdio onde ensaio com minha banda. O frentista sorriu simpático e me pediu para encostar em uma bomba. Encostei e disse o tradicional: “completa com gasolina, chefe”. Ele respondeu me dizendo que não era naquela bomba e que deveria ir para outra. Na hora pensei “Po, ele que me mandou encostar naquela.” Liguei o carro e manobrei para parar o lugar onde ele me sinalizou. Pedi para aproveitasse e calibrasse meus pneus. Ele perguntou  quantas libras e respondi:  “32 na frente e 30 atrás”. Estava distraído mexendo no celular e quando olho, ele está calibrando os pneus de trás com 32. Fez confusão. Avisei o frentista, que sorriu e pediu desculpas.  Ameacei ficar irritado com suas trapalhadas, mas cortei esse pensamento. Após calibrar o pneu, trouxe a máquina do cartão. Passou o valor errado e eu o corrigi. Passou novamente, dessa vez o valor correto e pediu para que assinasse a primeira via que saiu da máquina. Pedi uma caneta e ele disse que não tinha. Saiu para buscar. Eu estava um pouco atrasado para o ensaio e acho que por isso ameacei me irritar novamente. Quando ele voltou, abriu um sorriso e me entregou a caneta. Ele estava completamente atrapalhado, e pude perceber isso. Ao invés de criticar ou reclamar, sorri de volta e decidi dar-lhe uma bela gorjeta. O sorriso que abriu foi ainda maior. Após todas essas “trapalhadas”, acho que não esperava ganhar nada em troca, pelo contrário. 

Qualquer paulistano reclamaria do atendimento. Mas quem disse que temos que  agir sempre do mesmo jeito? Somente que presta bom serviço deve ser recompensado? O sorriso e a pureza ao pedir desculpas valem tanto quanto um bom serviço prestado. Pelo menos para mim. Pelo menos dessa vez...  

Nenhum comentário:

Postar um comentário