Dia 25 - Recolher todo o lixo que encontrar na rua Um dia respeitando todas as leis
No dia em que saí sem carro de
casa, aproveitei para prestar atenção se seria possível fazer a tarefa de
recolher todo o lixo que encontrasse na rua. Vi então que era impossível, como
previra meu amigo Murilo no dia em que postei os 30 desafios. Se saísse a pé,
passaria o dia todo recolhendo coisas do chão. E se saísse de carro, não teria
como recolher nada. Então, pela primeira vez, como um Silvio Santos na Casa dos
Artistas, vou mudar as regras e trocar esse desafio. Pensei em um outro que
fosse mais ou menos similar e que fosse possível de ser realizado: Passar um
dia todo, sem burlar nenhuma lei (ok, pode parecer um belo dum paradoxo, mudar
a regra para um dia sem burlar regras, mas essa é a graça).
Antes que pensem coisas erradas
de mim, não, não sou fora da lei, ou um cara que infringe a legislação. Mas
como todo mundo, acabo fazendo coisas que não poderiam ser feitas. Vamos a
algumas:
Regras de Trânsito: Falo no
celular enquanto dirijo TODOS OS DIAS. É uma das maneiras de aproveitar melhor
o tempo no trânsito. Falo sobre coisas do trabalho enquanto vou para o
escritório e ao final do dia, converso com algum amigo, ou adianto alguma coisa
que se discutida no mundo virtual demoraria muito mais. Acho essa regra, de
certa forma meio engessada. Ok, falar no celular enquanto se dirige em alta
velocidade pode ser perigoso. Mas e quando o trânsito está parado? Que mal
posso causar? De qualquer maneira, hoje evitei isso. Quando me telefonaram e
estava no carro, não atendi. Insistiram na ligação, atendi pelo viva voz e
disse rapidamente que estava dirigindo e retornava depois. Esquisito fazer
isso, e acho que conseguiria atender a ligação sem gerar nenhum mal, mas me
propus a seguir tudo.
Limite de velocidade: Não sou um
cara imprudente no trânsito, mas tem algumas vias que têm limites de velocidade
que para mim, são claramente uma maneira de ganhar dinheiro. 60km por hora em
algumas vias expressas é um verdadeiro absurdo. Hoje me limitei a esse limite e
vi como mesmo quando você faz as coisas certas irrita as outras pessoas.
Respeitando o limite de 50km no túnel fui pressionado pelo carro de trás que
vinha mais veloz. E olha que não estava na faixa da esquerda.
Atravessar na faixa de pedestre:
em frente ao meu escritório fica uma avenidona e confesso que sempre que
preciso atravessar, o faço sem ir para a faixa de pedestre que fica à 200
metros para a direita. Nesse caso, não contesto essa lei, apenas não tenho
paciência. Mas é a mesma lógica de atravessar na passarela. E eu sempre me
incomodo com pessoas que atravessam a rodovia embaixo da passarela. Então vamos
ser coerentes, não é mesmo?
Baixar músicas: Isso é uma prática
que praticamente já aboli. Baixando músicas ilegalmente, acabo contribuindo
para uma crise na indústria da música e prejudicando artistas. Tudo bem que o
modelo deve acompanhar a tecnologia, mas isso é uma outra discussão. E se eu
comprar algumas músicas pelo itunes, não me sairá muito caro mensalmente, e ganho
com a praticidade e facilidade das músicas simplesmente pularem para o meu celular.
Àqueles que contestam esse meu argumento, recomendo ler por completo o texto
desse link que recebi do meu amigo Sandro. http://thetrichordist.wordpress.com/2012/06/18/letter-to-emily-white-at-npr-all-songs-considered/
A conclusão que chego com esse
desafio de hoje é que muitas vezes nem percebemos as regras que burlamos. São coisas
banais que fazemos no dia-a-dia, como essas que citei acima, e para mim
significam três coisas: a primeira é a de que somos contraditórios, pois
exigimos dos outros o cumprimento das leis e regras que nos convém e não
fazemos nossa parte, quando não nos convém. A segunda, é a de que quando são
criadas leis burras, ou engessadas, a tendência é ninguém cumprir e banalizar,
como o limite de velocidade em algumas vias. E a terceira é que muitas vezes
acabamos infringindo as leis, como maneira de fazer nossa própria justiça, como
no caso da carteirinha de estudante (onde não se paga metade, mas o valor
correto, enquanto quem não tem, paga o dobro).
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