No segundo dia, comentei sobre
ter oferecido carona a duas mulheres que estavam paradas na estrada. É uma
avenida de 3km que vai da Raposo Tavares até os condomínios da região. Apesar de
ser uma região segura, a estrada é escura e não há transporte público à noite
(durante o dia existe somente nos horários em que o pessoal que trabalha por
aqui chega).
É estranho, mas após oferecer uma
ajuda gratuita ser recusada (fato perfeitamente normal), a sensação que me dá, reforça a crença de que
não é preciso querer ajudar quem não pediu por ajuda. Mas não acredito muito
nisso. Acho que se todos fôssemos solícitos grande parte do nosso dia, estaríamos
vivendo uma época especial.
Hoje passei pelo mesmo local atento
para ver se encontrava alguém que precisasse de carona. Vi uma moça caminhando
com uma mochila nas costas, subindo o começo da avenida. Ou ela morava no
começo dela, ou teria que fazer uma bela caminhada. Encostei o carro e ofereci
carona. Ela gentilmente recusou, dizendo que não ia muito longe.
Segui caminho e um quilômetro
para frente havia um homem caminhando com uma sacola grande. Parecia pesada.
Pensei em oferecer carona A medida em que me aproximava dele, surgiram vários
pensamentos rápidos em poucos segundos: vergonha de falar, pensar que ele
também poderia não estar indo longe, receio de encostar o carro na rua e
atrapalhar quem vem atrás, levar buzinada, medo de oferecer carona para algum
estranho. Resultado: passei direto.
Em poucos segundos, me arrependi
de minha decisão. Lembrei-me na hora, de uma vez em que pensei em ajudar uma
pessoa no shopping e não o fiz. Foi a situação que deu origem a idéia desse
desafio*. Fiz meia volta e retornei pela avenida, passei pelo homem que
caminhava com a sacola e fiz nova volta. Passei por ele, como se fosse a
primeira vez e ofereci carona. Ele abriu um grande sorriso, como se surpreso
pelo que ofereci. Disse que morava no pet shop que ficava há 100 metros dali,
mas agradeceu profundamente.
Não consegui dar carona a
ninguém, mas após essas 3 tentativas, considero uma tarefa realizada. E
pretendo oferecer mais vezes e se possível fazer isso em São Paulo, o que é
muito mais complicado.
*Há alguns meses, estava no
shopping, na fila do caixa do estacionamento. Na minha frente, uma mulher
estava discutindo com a moça do caixa, porque a máquina do cartão não estava
funcionando. Ela não tinha dinheiro e teria que buscar um caixa eletrônico fora
do shopping, pois era o único local onde poderia sacar. Pensei em emprestar-lhe o dinheiro do estacionamento,
mas pelos segundos que raciocinei se deveria emprestar ou não, a mulher saiu da
fila, em direção à saída. Sei que não era nenhum problema grande ter que sacar
dinheiro em outro lugar, mas o que me incomodou foi o fato de querer prestar
uma ajuda e não fazer por pensar demais. Foi como se uma força maior me
impedisse de fazer o que sentia certo.
Nesse dia comecei a pensar em como me forçar a superar essa barreira invisível.
Já pensou em ajudar o trânsito oferecendo carona? Então leia mais aqui: http://www.despachante.com/blog/carro/acoes-individuais-podem-melhorar-o-transito-em-grandes-cidades/
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