Não consegui cumprir a meta de fazer uma atividade diferente
por dia, durante 30 dias seguidos. De alguma maneira, já imaginava que isso
acabaria acontecendo. É extremamente difícil seguir qualquer desafio por 30
dias seguidos, mantendo suas atividades do dia-a-dia normalmente. No entanto,
para mim não muda muita coisa. O mais importante é manter o espírito de
praticar ações que beneficiem outras pessoas e maneira regular.
Hoje falarei sobre uma tarefa simples, mas que tem grande
impacto na minha vida. Quando comecei a desenhar as 30 tarefas, achei que seria
interessante colocar o tema “ligar para alguém com quem tenha brigado / cortado
relações”, pois penso que perdoar, ou superar mágoas é uma das tarefas mais difíceis para qualquer ser humano de hoje em dia. No entanto, após definir esse tema, achei que o nome que
dei é um pouco pesado. Sendo bem honesto, acho que não tem ninguém com quem
tenha cortado relações ou brigado a ponto de deixar de falar. Por isso, hoje contarei sobre dois episódios de amigos com quem tenho falado pouco ultimamente. Não citarei nomes dessa vez, mas acredito que as
pessoas que fazem parte desses episódios estão acompanhando meu blog e por isso vão
saber que estou falando delas.
O primeiro episódio envolve a primeira pessoa que me veio a
cabeça quando pensei nessa tarefa. É um amigo meu com quem cheguei a desenvolver
uma atividade empreendedora. Fizemos uma boa parceria por algum tempo, mas
quando decidimos não levar adiante nosso projeto, acabamos perdendo um pouco o
contato. Todo tipo de rompimento leva a algum tipo de mágoa. Não no sentido de
culpar a outra por alguma atitude, mas simplesmente porque quando as coisas não
saem como planejamos, ficamos frustrados. E acho que todos nós esperamos mais
das pessoas em qualquer situação. E quando você fica um tempo sem falar com uma
pessoa, o esforço necessário para voltar a falar é muito grande. É muito fácil
perder o contato e muito difícil de reaproximar. O contato se perde de maneira
natural. Você vai se afastando e quando percebe, já ficou tanto tempo sem falar
com a pessoa que sente grande dificuldade em retomar o contato.
Essa semana, comecei a pensar nessa tarefa que estou
descrevendo hoje e aconteceu uma “coincidência”
grande. Voltando do feriado em Belo Horizonte, estava matando hora no
Aeroporto de Viracopos, esperando para voltar para São Paulo. Coincidentemente,
encontro esse meu amigo que citei acima. Achei incrível. Estava pensando em
ligar para ele esses dias (fiquei receoso de que pensasse que ligaria apenas
para cumprir uma tarefa e posterguei) e acabo encontrando-o depois de vários
anos. Apesar de dizer “coincidentemente”, não acredito em coincidências. Acho
que nós nos abrimos para oportunidades e coincidências pela coisas que pensamos
e pela postura que adotamos. Tivemos uma conversa breve, mas foi o suficiente
para quebrar o gelo e quebrar uma barreira invisível que criamos. Falo por mim,
mas acredito que algo parecido deva ter passado por sua cabeça nesse período...
O segundo episódio envolve uma pessoa ainda mais próxima. O
cara foi (e ainda é) um dos melhores amigos que tenho na vida, mas nos últimos
anos se distanciou de mim e dos outros amigos do nosso grupo. Muito pelo fato
de ter mudado o estilo de vida, parte por ter iniciado um novo relacionamento,
e também por ter se mudado para outra cidade. Quando uma pessoa muito próxima se afasta,
nosso comportamento natural é jogar para ela a responsabilidade de retomar o
contato. Mas uma coisa que aprendi, é que para mantermos relacionamentos de
amizade duradouros, devemos abrir mão de achar que estamos certos, ou esperar
que a outra pessoa tome a iniciativa do contato. Ontem decidi ligar para ele,
para bater um papo e conversar. Acabei não conseguindo contato pelo celular e
decidi que tentaria de novo hoje. Antes de ligar, entrei no Facebook e para
minha surpresa, hoje era o dia do seu aniversário! Havia me esquecido
completamente e aí pensei: Por que será que pensei em ligar ontem? “Coincidência”?
Acho que não...
Conversamos por um período breve, mas quando grandes amigos
conversam, mesmo depois de muito tempo, parece que o último contato foi há
menos de uma semana. Mais uma vez, foi o suficiente para quebrar o gelo e
romper a barreira invisível.
A cada dia desse desafio, percebo que estou rompendo
barreiras invisíveis que me separam e me isolam das pessoas. Amarras mentais
que se quebram, ilusões psicológicas que desaparecem com simples ações que não
exigem nada de esforço. E então algumas “coincidências” acontecem. Como essas
duas que contei.
A tecnologia de hoje,
ao mesmo tempo em que aproxima as pessoas, as isola. Você sabe o que as pessoas
estão fazendo, quais lugares freqüentou na última semana. Sabe onde elas
trabalham e onde costumam sair para se divertir. Mas se você ligar para elas,
vai soar estranho: “Por que essa pessoa está me ligando, ao invés de mandar
email ou deixar um recado pelo facebook?” E então não ligamos. Não conversamos.
Telefonar é muito pessoal. Somente telefonamos para pessoas muito próximas. Não
tem alguma coisa errada nesse mundo?
Tem muita coisa errada nesse mundo! É triste. Essa coisa de se distanciar de pessoas que são importantes na nossa vida é muito ruim. E depois aquela vontade de reaproximação, mas não saber muito bem como fazer. Ainda mais pra mim, que sou super tímida, sempre acho isso muito mais difícil. p.s. Seu blog é lindo!
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