Alguns amigos me perguntaram por que incluí dar um presente
a si mesmo em um desafio para se tornar uma pessoa melhor. “Por que não dar um
presente a alguém?” A resposta é muito simples. Porque precisamos valorizar a
nós mesmos também. Querer fazer bem a si mesmo não é um ato egoísta. Egoísta é
querer fazer bem a si o tempo todo, prejudicando ou deixando de prestar atenção
aos outros. Depois de quase 3 semanas pensando em ações que pudessem valorizar
outras pessoas, achei que era justo pensar em algo para mim também.
Mas para realizar essa tarefa, utilizei uma caixinha que
criei há alguns meses. Todos os dias (pelo menos eu tento que seja todos os
dias) quando chego em casa, deposito uma moeda, ou algum dinheiro em uma
caixinha que tenho no meu quarto. A idéia é que sempre, ao final do mês, eu
utilize esse dinheiro para comprar alguma coisa para mim, que não compraria
normalmente. Não falo de coisas fúteis, mas coisas que gostaria de ter, mas em
condições normais optaria por não gastar com isso. Conto as moedas e notas, vejo
quanto dinheiro guardei e saio ao shopping para ver como posso gastar. A idéia
é zerar essa caixinha, para recomeçar do zero no mês seguinte. Pretendia fazer
isso todos os meses, mas acabo deixando passar e não sigo à risca essa regra. Normalmente
não passa de 40, 50 reais.
Aproveitei que no último mês não zerei esse caixa para
comprar me dar algo de presente com o que juntei. Fui a um shopping perto de
casa e rodei procurando algo que me interessasse e que não fosse roupa, ou algo
que precisasse com urgência (por exemplo, não posso gastar esse dinheiro com
pilhas, lâminas de barbear e pão). Não estava vendo muita coisa interessante.
Não sou muito consumista, nem muito fã de shopping centers e quando vou, quase
sempre volto sem comprar nada.
Estava quase desistindo de comprar algo hoje quando vi uma coisa que sempre gostei. Mágicas! Sempre fui fascinado por shows de mágica,
Davids Blaine e Copperfield, mágicos de circo e não perdia um episódio do Mr. M.
hahahah. Um quiosquinho de mágicas. Por algum motivo, sempre tive vergonha de
pedir para o aspirante a mágico da loja me mostrar as mágicas, porque sabia que
não iria comprar, e então passava direto. Dessa vez, parei, pedi algumas
demonstrações e acabei comprando um kit com todas as minhas moedinhas e notas. Saí
feliz. Foi como comprar um presente quando criança. Depois de alguns anos trabalhando no mercado de brinquedos, comprar um brinquedo para mim voltou a ser uma experiência muito gostosa. E ainda cumpri duas tarefas no mesmo dia, já que vou aprender alguns truques... ;)
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Agora um breve update. Aproveitei o sábado para
visitar meu amigo Sr. Eduardo (de quem falei no segundo dia). Fui até seu apartamento em Diadema para
encontrá-lo. Faz quase um ano que o conheci e imaginava que era uma daquelas
pessoas que jamais voltaria a ver. Por sorte, esse desafio me forçou a sair do
meu lugar comum e fazer coisas novas (até porque jamais havia ido para Diadema antes). Foi uma visita bastante especial. Ele
estava sozinho e ficou bastante feliz com minha presença. Conversamos um pouco
sobre a experiência no retiro em que estivemos juntos e depois ele começou a me
contar algumas histórias de sua busca espiritual. Contou que já passou por 6
grupos religiosos diferentes, me mostrou fotos e um material que me impressionou.
Abriu o notebook (com uma destreza incrível para alguém de 84 anos) e começou a
me mostrar os aquivos de seu pen drive.Tinha dezenas de arquivos em Word de
textos de espiritualidade, mensagens que compilou e devaneios e interpretações
que escreveu. Disse que havia desenvolvido algumas técnicas de cura e energização
e estava tudo registrado. Como gosto demais desses assuntos, ele viu que me
interessei bastante e prometeu me passar por email alguns desses arquivos.
Ao
final da minha visita, entregou-me um livro de contos que tem publicado e
autografou com uma dedicatória.
Fiz uma visita rápida, poderia ter ficado mais tempo. E esse
tempo foi suficiente para perceber como estamos cada vez mais nos isolando.
Estamos cada um de nós, presos aos nossos próprios pensamentos, refletindo
sobre nossos próprios problemas e buscando cada vez menos contato social. E com
isso, cada um vai ficando isolado em sua casa e se sentindo solitário. Temos
muitos conhecidos, mas passamos cada vez menos tempo perto dessas pessoas. Não
é preciso muito, basta uma decisão de sair do estado de inércia e da zona de
conforto. Certeza que existem diversas pessoas que gostariam de nos encontrar e
não estamos fazendo nada para isso acontecer. Nem elas.
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