26.7.12

Dia 25 - Um dia respeitando todas as leis


Dia 25 - Recolher todo o lixo que encontrar na rua  Um dia respeitando todas as leis

No dia em que saí sem carro de casa, aproveitei para prestar atenção se seria possível fazer a tarefa de recolher todo o lixo que encontrasse na rua. Vi então que era impossível, como previra meu amigo Murilo no dia em que postei os 30 desafios. Se saísse a pé, passaria o dia todo recolhendo coisas do chão. E se saísse de carro, não teria como recolher nada. Então, pela primeira vez, como um Silvio Santos na Casa dos Artistas, vou mudar as regras e trocar esse desafio. Pensei em um outro que fosse mais ou menos similar e que fosse possível de ser realizado: Passar um dia todo, sem burlar nenhuma lei (ok, pode parecer um belo dum paradoxo, mudar a regra para um dia sem burlar regras, mas essa é a graça).
Antes que pensem coisas erradas de mim, não, não sou fora da lei, ou um cara que infringe a legislação. Mas como todo mundo, acabo fazendo coisas que não poderiam ser feitas. Vamos a algumas:

Regras de Trânsito: Falo no celular enquanto dirijo TODOS OS DIAS. É uma das maneiras de aproveitar melhor o tempo no trânsito. Falo sobre coisas do trabalho enquanto vou para o escritório e ao final do dia, converso com algum amigo, ou adianto alguma coisa que se discutida no mundo virtual demoraria muito mais. Acho essa regra, de certa forma meio engessada. Ok, falar no celular enquanto se dirige em alta velocidade pode ser perigoso. Mas e quando o trânsito está parado? Que mal posso causar? De qualquer maneira, hoje evitei isso. Quando me telefonaram e estava no carro, não atendi. Insistiram na ligação, atendi pelo viva voz e disse rapidamente que estava dirigindo e retornava depois. Esquisito fazer isso, e acho que conseguiria atender a ligação sem gerar nenhum mal, mas me propus a seguir tudo.

Limite de velocidade: Não sou um cara imprudente no trânsito, mas tem algumas vias que têm limites de velocidade que para mim, são claramente uma maneira de ganhar dinheiro. 60km por hora em algumas vias expressas é um verdadeiro absurdo. Hoje me limitei a esse limite e vi como mesmo quando você faz as coisas certas irrita as outras pessoas. Respeitando o limite de 50km no túnel fui pressionado pelo carro de trás que vinha mais veloz. E olha que não estava na faixa da esquerda.

Atravessar na faixa de pedestre: em frente ao meu escritório fica uma avenidona e confesso que sempre que preciso atravessar, o faço sem ir para a faixa de pedestre que fica à 200 metros para a direita. Nesse caso, não contesto essa lei, apenas não tenho paciência. Mas é a mesma lógica de atravessar na passarela. E eu sempre me incomodo com pessoas que atravessam a rodovia embaixo da passarela. Então vamos ser coerentes, não é mesmo?

Baixar músicas: Isso é uma prática que praticamente já aboli. Baixando músicas ilegalmente, acabo contribuindo para uma crise na indústria da música e prejudicando artistas. Tudo bem que o modelo deve acompanhar a tecnologia, mas isso é uma outra discussão. E se eu comprar algumas músicas pelo itunes, não me sairá muito caro mensalmente, e ganho com a praticidade e facilidade das músicas simplesmente pularem para o meu celular. Àqueles que contestam esse meu argumento, recomendo ler por completo o texto desse link que recebi do meu amigo Sandro. http://thetrichordist.wordpress.com/2012/06/18/letter-to-emily-white-at-npr-all-songs-considered/

A conclusão que chego com esse desafio de hoje é que muitas vezes nem percebemos as regras que burlamos. São coisas banais que fazemos no dia-a-dia, como essas que citei acima, e para mim significam três coisas: a primeira é a de que somos contraditórios, pois exigimos dos outros o cumprimento das leis e regras que nos convém e não fazemos nossa parte, quando não nos convém. A segunda, é a de que quando são criadas leis burras, ou engessadas, a tendência é ninguém cumprir e banalizar, como o limite de velocidade em algumas vias. E a terceira é que muitas vezes acabamos infringindo as leis, como maneira de fazer nossa própria justiça, como no caso da carteirinha de estudante (onde não se paga metade, mas o valor correto, enquanto quem não tem, paga o dobro).

24.7.12

Dia 24 - Dar flores para uma mulher





Se ontem foi o dia 22, por que hoje é o dia 24? Ontem fiz duas tarefas e se considerar sendo o dia 23, vou finalizar o desafio no dia 29. Aí vai perder toda a graça. A proposta inicial desse desafio era realizar 30 tarefas em 30 dias. Não consegui. Então a contagem por dias deixou de fazer sentido. A bem da verdade é que isso pouco importa. O que importa é o que estou buscando fazer a cada dia. Pensando nisso, é engraçado ver como ficamos confusos com regras. As regras existem para que tenhamos um pouco mais de ordem na nossa sociedade. Vivemos sempre tentando fazer as coisas direito, julgando entre certo e errado. No começo fiquei pensando que se não realizasse em 30 dias, fazendo uma tarefa por dia, não estaria fazendo certo. Mas quem disse que existe certo ou errado? Se seguisse essa lógica, teria errado, então seria desclassificado do desafio e teria parado na 2ª semana...hahalha. Veja bem, se a idéia do Challenge é mudar minha rotina e quebra meus paradigmas, não preciso de ordem. É mais interessante que tenha um pouco de desordem. E essa confusão com dias e desafios é parte disso...

A tarefa de hoje fui difícil para mim. Interessante ver como as pessoas são diferentes. Se cada um tentar fazer esse desafio com essas tarefas, teremos dificuldades diferentes para cada um. Assim como para algumas passar um dia sem carro é moleza e para mim complicado, comprar flores pode ser um ato simples e comum para uns e difícil para mim. Difícil porque uma das maiores dificuldades que tenho é de demonstrar sentimento e expor emoções. Mesmo e especialmente com pessoas da minha família.

Voltando para casa, decidi parar no Pão de Açúcar e comprar flores para minha mãe e para minha avó. Parece uma coisa muito simples, mas quando você tem 28 anos e nunca fez isso na vida, percebe que não é fácil. O ato em si é fácil. Pare numa loja ou floricultura, escolha as flores, pague e dê de presente. Mas o processo mental de tudo isso é meio complicado, quando é uma coisa que você não faz. E esse é o que tem sido o maior aprendizado e o maior benefício que estou tendo. Quebrar amarras mentais. Fiquei pensando que seria esquisito e que minha mãe acharia esquisito eu fazer isso do nada. Mas como em todas as ocasiões, basta quebrar os pensamentos com ações.

Escolhi duas flores que gostei e achei que pudessem agradar essas que são, junto da minha irmã, as mulheres mais importantes da minha vida. Demorei a escolher, confesso, com medo de errar na escolha (vejam como a decisão entre achar certo ou errado se faz presente nas nossas atividades. Não existe certo ou errado. Existe o que achamos a melhor coisa a se fazer). Escolhi e entrei na fila do caixa para pagar. Então uma cena legal. O rapaz que estava à minha frente, reparando nas flores que estava comprando, saiu da fila e escolheu também um vasinho de flores para levar. Não sei se ele sentiu-se estimulado, ou se apenas se lembrou de que precisava comprar,  mas o fato é que me senti bem, como se estivesse influenciando alguém a fazer algo legal. Ao chegar minha vez, a operadora de caixa me olhou com olhos de ternura, como se pensasse “ah, que simpático, levando flores”. Mal sabia ela que era um momento raro...hahaha.

Chegando em casa, dei as flores de presente para minha mãe e obviamente que ela não esperava. Com certeza a primeira coisa que pensou foi no meu blog. Claro que fui estimulado por isso, mas para mim, sei que não é apenas o cumprimento de uma tarefa. É um esforço para me soltar mais e expor mais meus sentimentos. Quebrar uma barreira para tornar isso uma coisa mais fácil de se fazer. E é também uma maneira de agradecer por toda ajuda que tenho recebido dela nas últimas semanas. Ela sabe do que estou falando. Apesar de se me considerar bastante diferente da minha mãe, sei que duas das minhas principais características vêm dela:  a paixão pela música e instrumentos musicais e o interesse pela espiritualidade.

É sempre mais difícil fazer coisas diferentes pela primeira vez. Depois fica fácil. Infelizmente minha avó já estava dormindo. Deixei o vasinho que comprei ao lado da sua cama e quando ela acordar vai encontrar. Espero que a deixe feliz, especialmente porque ultimamente tem estado com a saúde um pouco debilitada.  

Estou quase completando o desafio e consigo sentir em mim o efeito das últimas semanas. Quem me conhece sabe como é estranho eu estar falando sobre as coisas que escrevi hoje. A idéia do desafio era justamente essa e acho que estou conseguindo...

23.7.12

Dia 22 - Um dia sem carro / Dar bom dia para 10 pessoas diferentes



Para algumas pessoas, passar um dia sem carro é uma coisa normal, ou tarefa das mais fáceis de se cumprir. Para mim não. Não porque raramente ando de ônibus, mas porque moro a 36km do meu trabalho (mapa abaixo) e o percurso exige um pouco mais do que simplesmente pegar um ônibus.
Essa foi a tarefa mais difícil de ser realizada e que exigiu o maior esforço.  Mas também foi uma das mais gratificantes e que rendeu a maior quantidade de insights. Por que mudar a rotina, deixar a comodidade e facilidade do carro, para sofrer no transporte público?

Aproveitei que hoje era o dia do rodízio do meu carro para sair para essa aventura (sim, quando você muda sua rotina e vai fazer uma coisa que nunca faz, um simples trajeto normal vira uma aventura). Saí de casa pontualmente às 7hs da manhã, coloquei roupas confortáveis e saí caminhando em direção ao ponto de ônibus. Da minha casa até a Raposo Tavares são 3 km, por uma estradinha sem muita opção de transporte público. Minha mãe, que estava em casa nesse horário, se ofereceu para dar uma carona até o ponto de ônibus, mas recusei, achando que seria interessante se pudesse ir caminhando, coisa que jamais fiz, nos  17 anos em que moramos aqui.  E de fato foi uma boa escolha. A caminhada inicial foi a melhor parte do dia. Em um dia de rodízio, costumo chegar no escritório depois das 10hs, então não tinha pressa para chegar, o que tornou a caminhada mais agradável.  

Aproveitei o caminho para cumprir mais uma das 30 tarefas: dar bom dia para 10 pessoas diferentes. Enquanto eu caminhava em direção a rodovia, as pessoas que trabalham no bairro chegavam. Eram em sua maioria empregadas domésticas, pedreiros, pintores e jardineiros, imagino eu. Decidi dar bom dia a cada uma das pessoas que cruzava meu caminho. Fato engraçado de se perceber. A maioria das pessoas vem olhando firme com a cabeça erguida e quando cruzam seu caminho baixam o olhar, ou desviam, de maneira a não olhar no seus olhos. À todas as pessoas dizia “bom dia”. A maioria respondia, surpreendida pela saudação, com um bom dia baixo de volta. Alguns sorrisos. Outras ignoravam, e algumas nem sequer ouviram, tão presas por seus pensamentos que estavam. À medida que me aproximava da Raposo, o sol brilhava mais forte, o barulho dos carros aumentava e as pessoas ficavam mais frias. A sensação do caos do trânsito começava a aparecer. E então as pessoas deixavam de responder de volta. Então parei de dizer. Mas o resultado? Ao invés de 10, dei bom dia para 39 pessoas.

Parei no supermercado do bairro para comprar alguns pães de queijo (saí de casa sem café da manhã). Comprei mais do que comeria, para poder oferecer a alguém no caminho: “enquanto estiver no ônibus sentado, lendo meu livro, como uns pães de queijo e ofereço a quem estiver ao meu lado”, pensei. Chegando ao ponto, pedi informação a um jovem sobre qual ônibus deveria pegar para a estação Butantã do metrô. Ele gentilmente me respondeu, dando dicas dos ônibus que passavam mais vezes. Ofereci meus pães de queijo para ele e para as outras 3 pessoas que estavam no ponto. Nenhuma aceitou...hahaha... confesso que eu também não aceitaria. Quando meu ônibus apareceu, fiz sinal para que parasse, e então caí na realidade: Seria impossível ir sentado confortavelmente lendo um livro. O ônibus estava tão lotado que não conseguia nem entrar. Fiz sinal para o motorista dizendo que esperaria o próximo. Poucos minutos depois, veio outro. Dessa vez, um pouco mais vazio, ou melhor, menos lotado. Ônibus apertado, tive que ir de pé o trajeto todo. Tentei reparar bem nas pessoas que lá estavam. Quem estava sentado, estava dormindo. As demais pessoas, sem exceção, com semblantes fechados, em silêncio. Fiquei ressentido de ver essa cena, que deve se repetir sempre. Imagino o quanto deve ser difícil encarar isso todos os dias (e depois de hoje, consigo imaginar um pouco melhor). Parecia que as pessoas estavam sendo levadas à força naquele ônibus, para um lugar de tortura. Ninguém parecia feliz. E enquanto refletia sobre isso, olhei pela janela e vi o trânsito parado. Olhei para alguns motoristas e para minha surpresa (ou não) vi a mesma feição. Apesar de estar num carro, as pessoas estavam com o mesmo semblante, como se estivessem sendo levadas à força para onde quer que estivessem indo. Ver o mesmo trânsito que enfrento todos os dias de dentro do ônibus lotado me fez pensar de maneira diferente. É bem bizarro ter centenas de carros com somente uma pessoa dentro. Com certeza, Essa é uma das grandes causas do trânsito caótico de São Paulo.

Depois do trajeto de ônibus, desci na estação Butantã. Metrô cheio também, mas é inegável sua eficiência. Fiz um trajeto que de carro leva quase mais de 40 minutos em pouco mais de 15, do Butantã à Paulista. Fiz baldeação da linha amarela para a linha verde e depois, da linha verde para a linha azul. Essas duas últimas já estavam bem tranqüilas. Acredito que pelo horário, e também por estar indo no contra-fluxo da maioria. Cheguei ao escritório às 9h10. Duas horas e dez minutos depois de sair de casa. Se pensar que costumo demorar 1h30 de carro e que tive uma caminhada de quase 40 minutos, não foi tão demorado, mas o cansaço é muito maior. Cheguei mais cansado que normalmente, por motivos óbvios, mas o fato de ter mudado minha rotina me deu mais energia para trabalhar. Trabalhei o dia todo hoje com muito mais concentração e produtividade que o normal. Minha percepção do trabalho também mudou.

Ao final do dia, estava cansado mais cedo que o normal. E então caí na realidade novamente. Teria que fazer todo o trajeto de volta. E a volta foi bem mais complicada. Saí do escritório às 18h10. Poderia sair um pouco mais tarde, mas gostaria de testar a volta para casa no horário de pico. E te digo que foi tenso...haha. Na fila da bilheteria do metrô, tive a oportunidade de ajudar uma pessoa. Um jovem estava pedindo para as pessoas da fila, algum trocado para completar sua passagem de ônibus. Vi que estava constrangido, pois não parecia ser do tipo que precisava pedir dinheiro para passagem. Devia estar sem carteira. Enquanto algumas pessoas davam moedinhas, me ofereci para pagar o valor total que precisava.

Metrô lotado em todas as linhas. Dificuldade para entrar no vagão, para sair e para caminhar para a outra 
linha. Engraçado como as pessoas acabam adotando o mesmo comportamento que vejo sempre no trânsito. Algumas tentando ultrapassar as outras por fora, gente que não dá passagem e gente que acha que você está querendo passá-la para trás, simplesmente porque quer entrar na escada rolante. Muita gente reclama da falta de educação das pessoas no metrô, mas a mesma coisa acontece no trânsito (posso garantir isso, porque se tem uma coisa que eu conheço bem, é o trânsito). A caminhada pelo túnel da linha verde para a linha amarela se assemelha à saída de estádio lotado, ou, sendo mais ácido no comentário, à caminhada de bois para o matadouro. Como tem gente em São Paulo!!

Saí do metrô e caminhei em direção ao ponto de ônibus. Ao sair na rua, vi os ônibus completamente abarrotados. Pensei que novamente não teria vida fácil. Mas ao chegar no ponto, avistei uma lotação indo em direção ao meu destino e rapidamente entrei. Era como um microônibus. Não estava lotado, mas não tinha lugar para sentar. Fui em pé todo o caminho. A lotação é um meio de transporte bem perigoso. Por ser mais ágil, o motorista acaba comentendo mais abusos. As freadas são bruscas e o veículo te chicoteia para direita e para esquerda. O trânsito estava pesado e o motorista usava as áreas de escape e entradas de ponto de ônibus como verdadeiros corredores. Quando o trânsito começou a andar, a aventura ficou mais intensa. Meu microônibus se transformou em um carro de formula 1 e meu motorista virou o Fernando Alonso. Só que àquela hora, meu desejo de chegar em casa era tão grande que nem liguei. Desci no ponto em frente à estrada que leva ao meu condomínio completamente esgotado. Pensei que ainda teria que fazer uma caminhada longa. Mas resolvi que não iria caminhar e decidi pedir carona (tal como fazia quando era adolescente). Para minha surpresa consegui carona fácil. Não fiquei nem mesmo 10 minutos esperando. Vim conversando com o homem que me transportava, contando parte dessa jornada que narrei aqui. Ele mudou um pouco seu caminho para me deixar mais próximo de casa. Agradeci, desci do carro e caminhei mais alguns metros até terminar essa “aventura”.




Minha intenção com essa experiência não foi a de querer experimentar o que os outros passam, nem de querer me mostrar bonzinho. Foi apenas de sair da minha rotina. E posso dizer que apesar de todo o perrengue que passei, foi legal. Fiz coisas que nunca faço, vi por um outro ângulo as coisas que vejo todos os dias e meu dia foi bem diferente. Sim, tem também o fato de sentir na pele o que as pessoas com mais dificuldades financeiras passam. Passo a valorizar mais as pessoas que se esforçam para chegar no trabalho (vou pensar duas vezes antes de achar ruim o atraso de algum funcionário que more longe) e agradeço mais por ter meu carro.  Para aqueles que reclamam da vida, da rotina ou do seu trabalho, sugiro essa experiência. Com certeza a visão muda. E é uma maneira divertida de quebrar sua rotina e fazer algo de diferente. Agora são 22h20 e eu estou completamente esgotado...mas feliz e agradecido por tudo o que tenho. Boa noite!

22.7.12

Dia 21 - Fazer um elogio inesperado / inusitado


Perdi um pouco do ímpeto do começo do desafio, nos últimos dias. Já imaginava que isso poderia acontecer, que teria dificuldade especialmente para completar as últimas tarefas. A verdade é que recentemente percebi que tenho dificuldade em terminar as coisas que começo. Considero-me uma pessoa com bastante iniciativa, gosto de fazer coisas novas o tempo todo, mas muitas das coisas começam com um ímpeto grande e bastante energia envolvida e depois acabam sendo deixadas de lado.  Se por um lado esse comportamento me traz novas experiências e contato com coisas novas, por outra, sei que não é legal deixar coisas inacabadas.

E exatamente por isso, sei que preciso me forçar mais a ter constância e não deixar esse sentimento se 
dissipar. Faltam poucas tarefas e vou me dedicar essa semana a cumprir com mais disciplina. Sei que tem pessoas acompanhando de perto essa minha jornada e prometo não decepcionar.
Ontem fui a um shopping aqui perto de casa, para ver se encontrava um livro que estou querendo comprar e aproveitar para jantar. Sair sozinho para um passeio desses é interessante pois você consegue reparar melhor nas pessoas em volta e no local. Dei sorte, pois, por acaso estava rolando um festival de música no local. Quem me conhece sabe como gosto de música e em especial ver músicos performando ao vivo. No pequeno palco montado, havia uma dupla com um cara no violão e uma moça cantando. Versões acústicas de pop e rock, do estilo que eu gosto. Fiquei acompanhando por alguns bons minutos e depois fui comer alguma coisa, tentando ficar o mais próximo possível de onde eles estavam tocando. Consegui uma mesa que não dava visão para o palco, mas o som podia ser ouvido com clareza. O que mais gosto da música, não é simplesmente as composições, ou a melodia, mas o efeito que a música tem no ambiente. É como se estivéssemos em um filme e rolasse uma trilha sonora de fundo, embalando nosso pensamento. A música entra em vibração com nossa energia e influencia nosso comportamento e nossas emoções, como se fôssemos uma coisa só. Fiquei um tempão esperando meu pedido que demorou muito, mas o fato de estar escutando boa música fez com que nem ligasse muito.

Após terminar de comer, percebi que estava um pouco atrasado para o aniversário de um amigo e decidi ir embora. Enquanto esperava o elevador chegar, notei uma mulher vindo apressada em direção ao corredor em que me encontrava. Notei que era a moça que estava cantando no palco. Prestei atenção ao som, para ver se de fato era ela e como ouvia vocal masculino, conclui que era. Pensei em abordá-la para elogiar sua música. Nesse exato segundo, passaram alguns pensamentos pela minha cabeça como “ela deve estar com pressa, vou atrapalhar, ou vai ser esquisito, ou o elevador já vai chegar” Tudo em 3 segundos. As mesmas coisas que passam pela minha cabeça sempre que vou fazer alguma coisa que não está no script da minha rotina. Cortei esses pensamentos com a ação.

- Moça, é você que está cantando no palco, né?
- Isso – respondeu um pouco surpresa com a abordagem repentina e num local meio inusitado.
- Parabéns, o som está muito bom e vc ta cantando demais!

Ela abriu um enorme sorriso e agradeceu. Eu fiquei satisfeito por ter feito algo que queria fazer.

E esse é um dos grandes aprendizados que estou tendo com esse desafio. Mesmo quando queremos fazer coisas boas, quando pretendemos fazer alguma ação que vai fazer o bem para outra pessoa, relutamos. Porque não é normal. Para algumas pessoas, talvez fazer elogios em qualquer lugar possa ser uma tarefa comum e fácil. Para mim, nem tanto. E vamos mais uma vez buscando sair da inércia, quebrar o status quo e mudar o comportamento...

18.7.12

Dia 20 – Pensar em uma idéia para mudar o mundo


Esse desafio foi sugerido pelo meu amigo Edgar Chaves. Quando ele lançou essa idéia, torci um pouco o nariz, achei que pudesse ser muita presunção, ou algo impossível de realizar. Ele me disse então que a idéia era apenas pensar em alguma coisa, e dividir. Mesmo que fosse utópica ou mesmo que fosse só uma idéia vaga.

Desde que comecei o desafio, passei a prestar mais atenção nas coisas ao meu redor. Consegui ficar mais tempo no momento presente, e atento a tudo que deixamos de notar quando estamos presos nos nossos próprios pensamentos. E para mim, as coisas mais legais de se notar são as pessoas e a natureza. Faço isso especialmente no trânsito, tentando transformar um tempo perdido num tempo produtivo. Fico tentando advinhar o que se passa na cabeça das pessoas e quais são os problemas em que estão pensando.  A outra coisa legal de se reparar é a natureza. Em SP podemos ver como as leis da natureza são fortes, quando mantém árvores enormes em meio ao concreto e à fumaça.

Outra coisa que aconteceu depois que comecei o desafio é que passei a gostar de cuidar do jardim de casa. Tenho ajudado mais meu pai e de fato estou pegando gosto pela atividade. Quando se está trabalhando com a terra e com as plantas, você aumenta sua percepção do momento presente, acalma seus pensamentos e aprende como a vida funciona. O mecanismo da vida está lá. Na preparação da terra para jogar uma semente, na paciência para esperar brotar e esperar crescer. Outro dia vi uma frase que gostei tanto que anotei: “paciência é o intervalo entra a semente e a flor”. Então, quando se está em contato com a natureza, você se conecta com sua força interior e fica mais próximo do seu eu verdadeiro.

Vivemos em um mundo onde as pessoas estão pensando somente no material e acho que essa é a causa dos problemas. O foco no lucro te faz trabalhar mais, para juntar mais dinheiro, para poder comprar mais, para poder ter conforto, para poder ter condições de dar uma boa casa pra sua família, para poder dar boa educação para os filhos, para que eles possam ter condições de ir a boas universidades, e conseguir bons empregos, e ganhar mais....ufa...nao tem fim!

É aí que entra minha idéia para mudar o mundo. Precisamos fazer a sociedade voltar a ter esse contato com a natureza. O que é da natureza é muito mais belo que tudo e traz muito mais aprendizado (por que será que os sábios e filósofos sempre usam parábolas com animais e a natureza?). Ali está todo o conhecimento que precisamos. E com mais contato com a natureza, estaríamos mais tempo no presente, mais conectados com a verdade e os sentimentos negativos, aos poucos iriam se dissipando...


Essa é a raiz da minha idéia, vou desenvolver melhor nos próximos dias...

16.7.12

Dia 19 - Dar uma ajuda profissional de graça



Há alguns meses, meu amigo designer Ahmed se ofereceu para fazer gratuitamente o material gráfico dos meus cartões de visita. Como senti que foi de coração, aceitei e o material que ele entregou foi excelente. Fiquei feliz demais com o resultado, dei um presente em troca, mas nada que pagasse pelo ótimo serviço realizado. Quando surgiu a oportunidade, contratei seu serviço para montar alguns materiais para minha empresa (dessa vez pagando). O resultado ficou bom novamente e meu sócio indicou-o para sua irmã, que contratou seus serviços também.

O hábito de fazer mais do que é obrigado a fazer é um grande imã de oportunidades. Você faz alguma coisa por alguém sem cobrar, ou cobrando um valor menor que de mercado e fazendo de coração, o resultado será legal, é inevitável. E então a pessoa além de se sentir satisfeita com o resultado, sente vontade de ajudá-la a fazer mais contatos. O Ahmed é só um exemplo. Meu amigo Gui fez isso, meu amigo Nilmar está fazendo isso, tenho alguns bons exemplos.

Quando comecei a trabalhar com coaching, foi essa estratégia que adotei (e é também o que meu primo Rafael está fazendo, inclusive comigo). E acabei recebendo bons frutos, com boas indicações de gente que ajudei de graça. Hoje recebi a visita de um amigo que me chamou para conversar. Ele está com idéia de um novo negócio para começar, mas como sua formação não é em administração ou algo do gênero, está com um pouco de dificuldades. Uma das coisas legais de ter seu próprio negócio é que você acaba servindo de modelo para muitos de seus amigos, que buscam objetivos de carreiro solo. Ele veio pedir alguma ajuda de como organizar melhor suas idéias. Tenho sempre o maior prazer em ajudar meus amigos e especialmente a estimular as pessoas a encararem desafios diferentes do que a maioria das pessoas busca. Obviamente que topei ajudá-lo e vou aproveitar para trabalhar algumas sessões de coaching com ele, pois acho que no seu caso, pode potencializar seus projetos. Nesse caso, faria isso de qualquer maneira, pois é um grande amigo, não estou fazendo pelas tarefas. Mas como essa é uma das tarefas que estão no meu desafio, mais uma missão cumprida ;).

Agora estou pensando enquanto escrevo. Surgiu-me uma idéia que pode ser interessante. Vou pedir para que ele preste um serviço profissional de graça a alguém, como forma de me remunerar pela ajuda que darei. E que peça para essa pessoa a quem ele ajudar, pague ele com serviços prestados gratuitamente para outra pessoa. Uma idéia como a do filme A Corrente do Bem, mas com serviços profissionais. Eu sempre pensei em trabalho como a maneira com conectamos com o mundo.  Cada um é uma pequena peça numa engrenagem gigante que faz o mundo evoluir e a economia girar. Se fizéssemos isso, poderíamos mudar um pouco o conceito de trabalho e tudo passaria a ser mais prazeroso. Pensem nisso. Pense na sua profissão e veja como você pode ajudar a alguém gratuitamente. Mesmo que você não seja especializado em nada, pode ajudar algum amigo com alguma consultoria na sua área, ensinar alguma ferramenta que saiba utilizar, dicas de contatos que você tem, sei lá. Como o Ahmed e o Gui fizeram, como o Rafa e o Nilmar estão fazendo, como alguns amigos seus já fizeram com você...E quem sabe assim, o cenário não começa a melhorar?

15.7.12

Status do Desafio


1.       Oferecer uma carona a alguém
2.       Dar flores para uma mulher
3.       Escrever um email para um amigo que você não fala há muito tempo
4.       Conversar com um mendigo
5.       Dar uma gorjeta gorda para alguém que lhe prestou um serviço
6.       Ligar para alguém com quem você tenha brigado / cortado relações
7.       Visitar uma instituição de caridade / fazer um trabalho voluntário
8.       Comprar um livro para dar de presente
9.       Visitar um parente que você não veja com frequência
10.   Visitar alguém que more em outra cidade
11.   Dar um presente a sim mesmo
12.   Oferecer mais dinheiro por alguma coisa que considerar barato
13.   Convidar alguém para um passeio
14.   Convidar amigos para um jantar
15.   Fazer um elogio inesperado / inusitado
16.   Dar bom dia para 10 pessoas diferentes
17.   Oferecer uma musica pelo facebook a alguém
18.   Dizer “Eu te amo” para alguém que você não costuma dizer
19.   Passar adiante a Idéia do desafio das 30 ações para alguém
20.   Plantar uma árvore
21.   Dia da faxina. Fazer uma limpeza e doar livros / roupas / brinquedos / comida
22.   Caminhar no parque mais perto da sua casa, fazendo reflexão
23.   Ensinar alguma coisa que você saiba fazer a alguém
24.   Escolher uma característica que você não goste em si e tentar contornar (percepção)
25.   Dar uma ajuda profissional de graça
26.   Aprender algo que sempre quis fazer
27.   Ajudar um desconhecido na rua
28.   Recolher todo o lixo que encontrar na rua
29.   Pensar em uma idéia para mudar o mundo
30.   Um dia sem carro

Dia 18 - Aprender algo que sempre quis fazer


Ontem postei duas tarefas no mesmo dia, mas na verdade fiz apenas a primeira. Postei a segunda na empolgação da compra do meu kit de mágicas, mas ainda não tinha aprendido nada. Hoje separei alguns minutos pra tentar aprender alguma coisa.
Como disse ontem sempre fui fascinado por mágica e ilusão e ver alguns segredos revelados estraga um pouco da graça. Alguns são tão fáceis e óbvios depois de descobertos que você acaba se achando muito besta. Mas é aí que está o segredo. São tão óbvios, mas são feitos com extrema destreza que enganam a todos.
Assumo que não levo muito jeito para a coisa, mas acho que isso acontece porque minha prática é zero. Qualquer coisa nova que você comece, é dificílima. Como quando comecei a tocar violão. Não acertava as notas e não conseguia montar os acordes. A vontade que dá é de quebrar tudo e fazer outra coisa. Mas aos poucos, com persistência, repetição e prática as coisas começam a sair mais naturais. Acho que em tudo é assim né?

O que pude perceber com essa tentativa de aprendizado de mágica é que temos pouca consciência corporal. O que quer dizer é que não temos habilidade nos nossos movimentos dominando o corpo completamente. Alguns truques de baralho por exemplo, exigem apenas uma rápida movimentação da mão e dos dedos. Como estamos acostumados a fazer a mesma coisa sempre, não desenvolvemos essa habilidade. Imagina se uma pessoa resolvesse dedicar sua vida a ter todas as habilidades motoras possíveis desde pequena? Não acho que seria impossível isso, e com certeza ela conseguiria praticar muitas atividades diferentes...

14.7.12

Dia 17 - Dar um presente a sim mesmo e Aprender algo que sempre quis fazer


Alguns amigos me perguntaram por que incluí dar um presente a si mesmo em um desafio para se tornar uma pessoa melhor. “Por que não dar um presente a alguém?” A resposta é muito simples. Porque precisamos valorizar a nós mesmos também. Querer fazer bem a si mesmo não é um ato egoísta. Egoísta é querer fazer bem a si o tempo todo, prejudicando ou deixando de prestar atenção aos outros. Depois de quase 3 semanas pensando em ações que pudessem valorizar outras pessoas, achei que era justo pensar em algo para mim também.

Mas para realizar essa tarefa, utilizei uma caixinha que criei há alguns meses. Todos os dias (pelo menos eu tento que seja todos os dias) quando chego em casa, deposito uma moeda, ou algum dinheiro em uma caixinha que tenho no meu quarto. A idéia é que sempre, ao final do mês, eu utilize esse dinheiro para comprar alguma coisa para mim, que não compraria normalmente. Não falo de coisas fúteis, mas coisas que gostaria de ter, mas em condições normais optaria por não gastar com isso. Conto as moedas e notas, vejo quanto dinheiro guardei e saio ao shopping para ver como posso gastar. A idéia é zerar essa caixinha, para recomeçar do zero no mês seguinte. Pretendia fazer isso todos os meses, mas acabo deixando passar e não sigo à risca essa regra. Normalmente não passa de 40, 50 reais.

Aproveitei que no último mês não zerei esse caixa para comprar me dar algo de presente com o que juntei. Fui a um shopping perto de casa e rodei procurando algo que me interessasse e que não fosse roupa, ou algo que precisasse com urgência (por exemplo, não posso gastar esse dinheiro com pilhas, lâminas de barbear e pão). Não estava vendo muita coisa interessante. Não sou muito consumista, nem muito fã de shopping centers e quando vou, quase sempre volto sem comprar nada.



Estava quase desistindo de comprar algo hoje quando vi uma  coisa que sempre gostei. Mágicas!  Sempre fui fascinado por shows de mágica, Davids Blaine e Copperfield, mágicos de circo e não perdia um episódio do Mr. M. hahahah. Um quiosquinho de mágicas. Por algum motivo, sempre tive vergonha de pedir para o aspirante a mágico da loja me mostrar as mágicas, porque sabia que não iria comprar, e então passava direto. Dessa vez, parei, pedi algumas demonstrações e acabei comprando um kit com todas as minhas moedinhas e notas. Saí feliz. Foi como comprar um presente quando criança. Depois de alguns anos trabalhando no mercado de brinquedos, comprar um brinquedo para mim voltou a ser uma experiência muito gostosa. E ainda cumpri duas tarefas no mesmo dia, já que vou aprender alguns truques... ;)

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Agora um breve update. Aproveitei o sábado para visitar meu amigo Sr. Eduardo (de quem falei no segundo dia). Fui até seu apartamento em Diadema para encontrá-lo. Faz quase um ano que o conheci e imaginava que era uma daquelas pessoas que jamais voltaria a ver. Por sorte, esse desafio me forçou a sair do meu lugar comum e fazer coisas novas (até porque jamais havia ido para Diadema antes). Foi uma visita bastante especial. Ele estava sozinho e ficou bastante feliz com minha presença. Conversamos um pouco sobre a experiência no retiro em que estivemos juntos e depois ele começou a me contar algumas histórias de sua busca espiritual. Contou que já passou por 6 grupos religiosos diferentes, me mostrou fotos e um material que me impressionou. Abriu o notebook (com uma destreza incrível para alguém de 84 anos) e começou a me mostrar os aquivos de seu pen drive.Tinha dezenas de arquivos em Word de textos de espiritualidade, mensagens que compilou e devaneios e interpretações que escreveu. Disse que havia desenvolvido algumas técnicas de cura e energização e estava tudo registrado. Como gosto demais desses assuntos, ele viu que me interessei bastante e prometeu me passar por email alguns desses arquivos. 

Ao final da minha visita, entregou-me um livro de contos que tem publicado e autografou com uma dedicatória.

Fiz uma visita rápida, poderia ter ficado mais tempo. E esse tempo foi suficiente para perceber como estamos cada vez mais nos isolando. Estamos cada um de nós, presos aos nossos próprios pensamentos, refletindo sobre nossos próprios problemas e buscando cada vez menos contato social. E com isso, cada um vai ficando isolado em sua casa e se sentindo solitário. Temos muitos conhecidos, mas passamos cada vez menos tempo perto dessas pessoas. Não é preciso muito, basta uma decisão de sair do estado de inércia e da zona de conforto. Certeza que existem diversas pessoas que gostariam de nos encontrar e não estamos fazendo nada para isso acontecer. Nem elas.


13.7.12

Dia 16 - Ligar para alguém com quem você tenha brigado / cortado relações


Não consegui cumprir a meta de fazer uma atividade diferente por dia, durante 30 dias seguidos. De alguma maneira, já imaginava que isso acabaria acontecendo. É extremamente difícil seguir qualquer desafio por 30 dias seguidos, mantendo suas atividades do dia-a-dia normalmente. No entanto, para mim não muda muita coisa. O mais importante é manter o espírito de praticar ações que beneficiem outras pessoas e maneira regular.

Hoje falarei sobre uma tarefa simples, mas que tem grande impacto na minha vida. Quando comecei a desenhar as 30 tarefas, achei que seria interessante colocar o tema “ligar para alguém com quem tenha brigado / cortado relações”, pois penso que perdoar, ou superar mágoas é uma das tarefas mais difíceis para qualquer ser humano de hoje em dia. No entanto, após definir esse tema, achei que o nome que dei é um pouco pesado. Sendo bem honesto, acho que não tem ninguém com quem tenha cortado relações ou brigado a ponto de deixar de falar. Por isso, hoje contarei sobre dois episódios de amigos com quem tenho falado pouco ultimamente. Não citarei nomes dessa vez, mas acredito que as pessoas que fazem parte desses episódios  estão acompanhando meu blog e por isso vão saber que estou falando delas.

O primeiro episódio envolve a primeira pessoa que me veio a cabeça quando pensei nessa tarefa. É um amigo meu com quem cheguei a desenvolver uma atividade empreendedora. Fizemos uma boa parceria por algum tempo, mas quando decidimos não levar adiante nosso projeto, acabamos perdendo um pouco o contato. Todo tipo de rompimento leva a algum tipo de mágoa. Não no sentido de culpar a outra por alguma atitude, mas simplesmente porque quando as coisas não saem como planejamos, ficamos frustrados. E acho que todos nós esperamos mais das pessoas em qualquer situação. E quando você fica um tempo sem falar com uma pessoa, o esforço necessário para voltar a falar é muito grande. É muito fácil perder o contato e muito difícil de reaproximar. O contato se perde de maneira natural. Você vai se afastando e quando percebe, já ficou tanto tempo sem falar com a pessoa que sente grande dificuldade em retomar o contato.

Essa semana, comecei a pensar nessa tarefa que estou descrevendo hoje e aconteceu uma “coincidência”  grande. Voltando do feriado em Belo Horizonte, estava matando hora no Aeroporto de Viracopos, esperando para voltar para São Paulo. Coincidentemente, encontro esse meu amigo que citei acima. Achei incrível. Estava pensando em ligar para ele esses dias (fiquei receoso de que pensasse que ligaria apenas para cumprir uma tarefa e posterguei) e acabo encontrando-o depois de vários anos. Apesar de dizer “coincidentemente”, não acredito em coincidências. Acho que nós nos abrimos para oportunidades e coincidências pela coisas que pensamos e pela postura que adotamos. Tivemos uma conversa breve, mas foi o suficiente para quebrar o gelo e quebrar uma barreira invisível que criamos. Falo por mim, mas acredito que algo parecido deva ter passado por sua cabeça nesse período...

O segundo episódio envolve uma pessoa ainda mais próxima. O cara foi (e ainda é) um dos melhores amigos que tenho na vida, mas nos últimos anos se distanciou de mim e dos outros amigos do nosso grupo. Muito pelo fato de ter mudado o estilo de vida, parte por ter iniciado um novo relacionamento, e também por ter se mudado para outra cidade.  Quando uma pessoa muito próxima se afasta, nosso comportamento natural é jogar para ela a responsabilidade de retomar o contato. Mas uma coisa que aprendi, é que para mantermos relacionamentos de amizade duradouros, devemos abrir mão de achar que estamos certos, ou esperar que a outra pessoa tome a iniciativa do contato. Ontem decidi ligar para ele, para bater um papo e conversar. Acabei não conseguindo contato pelo celular e decidi que tentaria de novo hoje. Antes de ligar, entrei no Facebook e para minha surpresa, hoje era o dia do seu aniversário! Havia me esquecido completamente e aí pensei: Por que será que pensei em ligar ontem? “Coincidência”? Acho que não...

Conversamos por um período breve, mas quando grandes amigos conversam, mesmo depois de muito tempo, parece que o último contato foi há menos de uma semana. Mais uma vez, foi o suficiente para quebrar o gelo e romper a barreira invisível.

A cada dia desse desafio, percebo que estou rompendo barreiras invisíveis que me separam e me isolam das pessoas. Amarras mentais que se quebram, ilusões psicológicas que desaparecem com simples ações que não exigem nada de esforço. E então algumas “coincidências” acontecem. Como essas duas que contei.

 A tecnologia de hoje, ao mesmo tempo em que aproxima as pessoas, as isola. Você sabe o que as pessoas estão fazendo, quais lugares freqüentou na última semana. Sabe onde elas trabalham e onde costumam sair para se divertir. Mas se você ligar para elas, vai soar estranho: “Por que essa pessoa está me ligando, ao invés de mandar email ou deixar um recado pelo facebook?” E então não ligamos. Não conversamos. Telefonar é muito pessoal. Somente telefonamos para pessoas muito próximas. Não tem alguma coisa errada nesse mundo?

12.7.12

Dias sem postar

Pessoal, esses últimos fui derrubado por uma virose e acabei de cama. Pela primeira vez em muito tempo, nem trabalhar fui... Nao estou deixando de lado o projeto e já estou planejando as próximas ações.

Sim, eu sei que é uma desculpa, mas dessa vez acho que é válida. Para aqueles que estão acompanhando todos os posta, prometo caprichar nas próximas atividades...

Até amanha...

10.7.12

Dia 15 - Passar adiante a Idéia do desafio das 30 ações para alguém


O post de hoje não é sobre algo que eu fiz, mas sobre algo que outra pessoa fez. Meu amigo Edgar Chaves começou hoje a fazer o desafio e assim, me ajudou a cumprir uma das tarefas ;).

Certeza que vai ser incrível para ele, assim como está sendo para mim e o mais legal é que não vai ter nada a ver com o meu. Cada um tem uma visão diferente das coisas e passa por experiências diferentes. Vai ser muito bom acompanhá-lo nessa jornada.

Para aqueles que me disseram que também querem começar o desafio, digo. Mudem o nome, criem outras tarefas, mas comecem. Apenas comecem.

Segue o link para o blog do Edgar.

9.7.12

Dia 14 - Convidar alguém para um passeio




Quando escrevi as 30 tarefas no blog, ainda não havia começado o desafio. Depois dos primeiros dias, já pude perceber que algumas tarefas, pela maneira como escrevi, não eram o que eu queria dizer. Mas achei melhor manter como estava desde o início. A de hoje é uma dessas. A proposta da tarefa de convidar alguém para um passeio era com o foco no passeio e não no convite. Portanto, considerem a descrição da 14ª tarefa como sendo realizar um passeio.

Esse domingo fiz um dos passeios mais espetaculares que já realizei. Quem me conhece bem, sabe que costumo ser meio exagerado e usar muitos superlativos nas descrições de experiências e descobertas. Mas dessa vez não é nenhum exagero.

Fui com a Vitória (o motivo da minha viagem para BH) ao Instituto Inhotim, em Brumadinho, a 60km de Belo Horizonte. Havia visto algumas fotos e sabia que era um lugar bonito. Mas me surpreendi com a beleza e a estrutura do local. O Inhotim é um misto de parque, jardim botânico e museu. É um museu de arte contemporânea inserido em uma imensidão verde. O fato de ser localizado em uma cidadezinha do interior de Minas já confere um ar de exclusividade ao espaço.

Lagos incríveis com espelhos de água verdes, gramados bem cuidados e uma vegetação nativa contrastam com galerias de arte e obras modernas por todos os 1.000.000 m2. Não entendo nada de arte moderna e nem costumo freqüentar museus em São Paulo, mas passear por esse espaço me fez ficar interessado por tudo.

Queria colocar um passeio como tarefa nesses 30 dias porque sabia que é uma ótima oportunidade para reflexão e quebrar o padrão de pensamento de todos os dias. Respirar ar puro de verdade e ter um contato tão próximo com a natureza já nos faz conectar com nosso interior. Passear por um local como Inhotim o faz prestar atenção em coisas que passam sempre despercebidas e estimula ver o mundo com outros olhos, sob um outro prisma. É legal ir acompanhado a esse tipo de lugar pois a percepção de outra pessoa te faz ver coisas que não está reparando. A Vitória é estudante de design e vem do interior de São Paulo. Tem uma visão totalmente diferente da minha em relação a arte (eufemismo para dizer que conhece muito mais que eu) e um conhecimento vasto e  espontâneo sobre a natureza.
  
Recomendo a todos que façam esse passeio. Não deve em nada a nenhum parque de outros países. Deveria ser muito mais divulgado e parada obrigatória para todos os brasileiros.

Dia 13 - Visitar alguém que more em outra cidade

9 de julho. Feriado em São Paulo. Não postei minhas tarefas dos últimos dias, mas não quer dizer que tenha deixado de realizar.

Umas das maiores amarras mentais que temos é a dificuldade em visitar pessoas que moram em outras cidades. Acredito que todo mundo deva ter algum parente, ou amigo que more em outra cidade, quando essa pessoa vem para sua cidade, você a encontra, promete que vai visitar e nunca vai. Aí encontra novamente e diz que tava difícil, correndo demais, sem tempo, ou sem dinheiro.

Mas a verdade é que tudo isso são desculpas que damos a nós mesmos e o pior: nós acabamos caindo e acreditando nessas desculpas e tomamos como verdade. Sempre que queremos de fato encontrar alguém, damos um jeito. Remanejamos nossas agendas, nos programamos para comprar com antecedência uma passagem mais barato e organizamos nossas finanças.

Pensei nisso, pois nesse final de semana fui visitar uma pessoa muito especial em Belo Horizonte. Não precisei me programar tanto para ir, apenas decidi ir e fui. A distância é uma barreira ilusória. Muitas vezes estamos mais distantes de pessoas que estão morando na mesma cidade que nós e nunca encontramos (especialmente se você mora em São Paulo).

Algumas pessoas vêem o ato de viajar como uma coisa muito grande, que exige um esforço e preparação enorme. Mas a verdade é que viajar não depende de nada disso. Depende apenas de se colocar em movimento. Certa vez li um escritor que havia viajado o mundo todo dizendo que muitas pessoas dizem o invejar por ter conhecido tantos lugares. Ele disse que apenas teve mais coragem que os outros, já que viajou muitas vezes sem dinheiro e se sujeitando a dormir em estações de trem e aeroportos. Concordo. Seja para fazer viagem de lazer, como para fazer uma simples visita a alguém que more longe, basta decidir ir. E tudo fica mais fácil.

Aos meus amigos que moram em outras cidades e ainda não visitei. Esqueçam minhas desculpas. Apenas não tive força de decisão suficiente para sair de SP para visitá-los. Mas estou mudando isso e em breve estarei passando por aí...

6.7.12

Dia 12 - Caminhar no parque mais perto da sua casa, fazendo reflexão



Assim como qualquer outra atividade regular, fazer esse desafio também tem seus altos e baixos. Nos últimos dias senti a empolgação com o cumprimento das tarefas diminuir. Tive que me disciplinar para fazer alguma coisa e não perder a motivação. Alguns dias me senti obrigado a escrever, mesmo sem muita vontade. Acho que o reflexo disso foi que os textos ficaram sem graça e em alguns casos, relendo agora o que escrevi, estão até meio desconexos.

Quando comecei a listar as 30 ações que realizaria, imaginei como um desafio que me faria repensar muitas coisas sobre a maneira como levo minha vida. Não pensei que poderia se tornar um desafio interessante para outras pessoas lerem. O começo despertou muita curiosidade, tanto que recebi diversas mensagens particulares. Mas se conseguisse manter por 30 dias uma história com elementos cada vez mais interessantes, poderia me tornar um novelista. É difícil, acho que nunca fiz na minha vida nenhuma atividade regular por 30 dias seguidos. Ainda não estou certo se devo tentar por 30 dias seguidos, ou apenas fazer 30 ações, talvez em mais dias e quem sabe, mais de uma por dia.

Hoje saí mais cedo do escritório para trabalhar essa reflexão. Estive cansado nos últimos dias e não sei muito bem dizer por quê. Algum empresário no passado inventou que as pessoas deveriam trabalhar por cerca de 40 horas semanais, de segunda a sexta-feira, entrando cedo e saindo ao final do dia. E desde então, acabamos seguindo essa rotina. Muitas vezes, acontece de estarmos apenas cumprindo horário no trabalho, sem estar produzindo absolutamente nada. Acho que o sistema em que vivemos deveria ser corrigido e essas regras deveriam ter algum tipo de flexibilidade. No entanto, sinto-me culpado pois tenho meu próprio negócio, submeto minha equipe a esse mesmo regime, quando poderia pensar em algo diferente, e além disso eu mesmo me submeto a essas regras. Como se fosse escravo das minhas próprias normas. Poderia tentar fazer algo diferente e mudar esse regime e não consigo.

Aproveitei essa escapada do trabalho para visitar um dos meus lugares preferidos: o Templo Budista Zu Lai, em Cotia, pertinho da minha casa. Gosto do local, não apenas por ser um templo belíssimo, mas pelo jardim fantástico que existe atrás da imponente construção. Fazia um tempo que não ia. Das vezes que fui, era final de semana. Aos finais de semana, muita gente sai de São Paulo para conhecer ou passear e o local fica bem cheio. Hoje estava vazio. Apenas algumas poucas pessoas. Algumas pessoas sozinhas, sentadas contemplando a beleza do local, outros que pareciam ser amantes da fotografia com suas câmeras enormes. E alguns amigos que deveriam ter combinado de se encontrar lá para conversar.

Saí do escritório cansado, mas com o pensamento acelerado, com milhares de coisas na cabeça, algumas preocupações, um senso de autocrítica e um sentimento de culpa por não estar no escritório “produzindo”.  Após uma lenta caminhada pelos jardins do templo, me senti entrando no presente. Aos poucos o pensamento foi se acalmando e comecei a reparar melhor no local. É impressionante como deixamos de reparar nas coisas ao nosso redor quando estamos ocupados com nossos próprios pensamentos. É como se estivéssemos numa bolha, prestando atenção apenas ao que está em nossa cabeça e nada no que está logo na nossa frente.

Sentei e fiquei parado sem fazer nada. Comecei com uma reflexão sobre o que tinha feito na semana e aos poucos fui deixando de acompanhar meu raciocínio, apenas ficando quieto comigo mesmo. Meditei um pouco e depois me deitei na grama. Quando me dei conta, já eram quase 17hs, horário em que o templo encerra o horário de visitação. Levantei e voltei para casa.



Fiquei cerca de uma hora lá e foi o suficiente para me reconectar. O poder que temos de mudar a perspectiva é incrível. Acalme seus pensamentos e seus anseios e tudo fica mais leve. Acho que todos deveríamos ter períodos de pausa assim freqüentes. Nessas condições de paz e calma, uma hora parece uma eternidade. Estando imerso no trabalho, essa hora passa num instante.  

5.7.12

Dia 11 - Comprar um livro para dar de presente


2008 foi o ano em que mudei minha relação com os livros. Até então, apenas tinha lido os livros da escola e da faculdade. Não tinha o hábito da leitura como hobby. Mas sabia que se  desenvolvesse o hábito passaria a mudar isso. Comprei alguns livros de Administração e me forcei a ler. Certo dia, estava lendo um desses na sala de casa e não agüentava mais. Estava maçante, chato e eu não conseguia me concentrar. Deixei-o por um momento, e me espreguicei. Olhei para o lado e estava outro livro: Autobiografia de um Iogue. Achei curioso e comecei a folhear. Era um livro que minha mãe tinha lido vários anos antes e por algum motivo, estava fora da estante. Esse livro era MUITO mais interessante que os que havia comprado. Imediatamente substituí o que lia por esse. Foi aí que comecei a ver que havia livros muito bons e que era muito gostoso de ler.

Aos poucos comecei a perceber que havia alguma coisa mágica nos livros. Não estou falando da magia de te transportar para outro lugar ou de te abrir novas portas com conhecimento, como dizem as campanhas. Falo do momento exato em que cada livro aparece na sua vida. Cada livro que comprei desse dia em diante parece se encaixar perfeitamente no período em que estou vivendo. Na maioria das vezes sou eu que escolho, outras sigo recomendações, mas muitas vezes noto alguns ao acaso. Seja na livraria, seja pela internet, ou resgatando livros que já estão em casa e nunca notei. Acho que prestar atenção aos livros que estão na nossa frente é a maneira mais clara de estar atento aos sinais que recebemos. Quando ganhamos um livro o efeito é o mesmo. A coincidência de chegar para você, no momento mais apropriado.

Há algumas semanas fui a um sebo com meu amigo Edgar e começamos a fuçar as estantes procurando alguma coisa interessante. Nessa hora, lembrei que outro amigo, Pedro Paulo tinha me falado de um livro fantástico que tinha lido e que só era possível comprar em sebos. Perguntei ao menino que trabalhava na loja:
- Você tem O Poder  Cósmico do Homem?

Nesse exato momento, o Edgar se vira e diz:
- O Poder Cósmico do Homem? Está na minha mão nesse momento.

Incrível!! Ele estava pegando outros livros e por acaso retirou um exemplar desse que eu procurava para alcançar o outro! Simples coincidência ou algum sinal? Senti que precisava comprar. Contamos esse caso curioso para o dono do sebo, que riu e comentou.

- Sincronicidade. A primeira pessoa a estudar esse fenômeno foi Jung.

Pedi para que falasse mais. O que se seguiu, foi uma aula de 15 minutos sobre sincronicidade e fenômenos parapsicológicos. Fantástico!

Quanto ao livro, mal saberia que esse viria a ser um dos livros mais incríveis que já li.

Hoje na hora do almoço, passei em um sebo próximo ao meu escritório, pensando em comprar outro exemplar desse livro para dar de presente a uma amiga que faz aniversário essa semana. Para minha felicidade eles tinham. Comecei a conversar com o dono do Sebo, Sr. Cesar.  Comentei como tinha gostado desse livro e que queria comprar para dar de presente. Ele me contou que há muitos anos atrás, tinha lido um livro tão bom e que sabia que iria ser difícil de encontrar em qualquer lugar. Foi a uma loja que tinha um bom estoque deste e comprou 10 unidades. Deixou em casa e sempre que encontrava alguém que pensava que poderia usufruir dessa leitura, dava de presente. Hoje não sabe mais onde encontrá-lo e para algumas pessoas, o livro realmente foi transformador.

Gostei da idéia e farei o mesmo com O Poder Cósmico do Homem. Sempre que encontrar, vou comprar um exemplar e dar a alguém que eu  acredite que possa usufruir bem.

Agora uma dica: Sempre que for a um sebo, converse com o dono. Essas pessoas possuem MUITO conhecimento, muita cultura e muitas histórias interessantes.

4.7.12

Dia 10 - Escolher uma característica que você não goste em si e tentar contornar (percepção)


Quando era mais novo, tinha dificuldades com minha fala. Em diversas horas gaguejava na hora de falar. Não sempre, mas em algumas situações. Não sabia dizer quais eram as situações que me faziam travar, nem como isso acontecia. Com o tempo, comecei a tentar  ficar atento às situações em que tinha dificuldade e também às situações em que desenvolvia bem. Essa percepção me fez ficar mais consciente do que me acontecia e das situações em que gaguejava. Ao poucos fui conseguindo controlar melhor. Hoje consigo ter fluência em durante quase todo o tempo. Ainda tenho algumas dificuldades, mas de maneira mais esporádica.

De um tempo para cá, não sei dizer exatamente há quanto tempo, desenvolvi uma personalidade irônica e comecei a me dar conta disso. Acho que começou com piadinhas para sacanear os amigos, tentando ser engraçado e acabei fazendo com que se tornasse um comportamento freqüente. A maioria das vezes em que solto comentários irônicos é com meus amigos mesmo, o que não torna isso uma característica de todo ruim, mas em algumas situações sei que pode não ter graça nenhuma e posso ser mal-interpretado.

Escolhi perceber essa e não alguma coisa mais negativa ou mais forte, porque me dei conta recentemente que tenho feito com mais freqüência nos últimos meses e nem percebo quando solto ironias. Sei que isso pode ser tanto uma maneira de tentar menosprezar alguma pessoa, quanto um mecanismo de defesa.

Esse desafio de 30 dias é um teste, não para bancar o bonzinho por 30 dias e depois voltar a ter a mesma vida de antes, mas uma maneira de buscar constância no bom comportamento. A tarefa de hoje não foi uma tarefa como as demais, foi apenas o início de uma tentativa de aumentar a auto-percepção. Assim como fiz quando comecei a aumentar a percepção da minha fala, posso perceber melhor porque e quando uso desse artifício, no contato com outras pessoas.

3.7.12

Dia 9 - Ajudar um desconhecido


O desafio de 30 dias está me fazendo mudar o comportamento em algumas situações corriqueiras, ou atividades que fazemos sempre do mesmo jeito, como se tivéssemos acionado o modo automático.


Hoje, na volta para casa passei no supermercado para comprar shampoo. Tive um dia relativamente cansativo e queria muito chegar em casa logo.  Mas lembrei que ainda não tinha feita nenhuma tafera da lista. Comecei a prestar atenção ao que estava ao meu redor e tentei encontrar alguma situação em que pudesse ajudar. Selecionei o que ia comprar e entrei na fila Mas hoje, não busquei o caixa de menor fila. Entrei atrás de uma mulher que estava sozinha e com o carrinho com muitas compras. Era uma mulher de meia idade e estava atrapalhada tirando suas compras do carrinho e colocando na esteira do caixa. Ofereci ajuda e ela recusou. Agradeceu e disse que não tinha necessidade. Nesse momento, alguns pensamentos me ocorreram, como: “é verdade, o carrinho nem está tão cheio / Pra que ajudar / Ela consegue descarregar sozinha”. Acho que todos nós devemos ter dentro de nossas cabeças uma pessoa muito chata que sempre acha que não devemos fazer nada pelos outros. Rapidamente cortei esses pensamentos com ação e comecei a pegar suas compras. Disse:

- Moça, não faz sentido. Tenho dois braços desocupados. Não faz sentido ficar com eles cruzados vendo você descarregar o carrinho.

Quantas vezes na vida não fiz isso? Fiquei parado atrás da pessoa, vendo ela agachar e se inclinar ao carrinho dezenas de vezes. Sem fazer nada. De fato, não faz sentido algum. Pode parecer um pouco invasivo começar a descarregar as compras alheias, ver o que eles consomem. Mas e daí?

Assim que comecei a ajudá-la, seu semblante, que estava fechado se abriu. Ela  abriu um largo sorriso e o manteve. Logo em seguida, brincou com a moça do caixa, fez uma piadinha com a senha que digitou errado que por sua vez riu de volta. Agradeceu-me mais uma vez e foi embora, mantendo o semblante aberto.

Não acho que sejam necessários grandes gestos ou ajudas de grande impacto. Fazendo uma coisa pequena, a gente passa a alegria adiante.

2.7.12

Dia 8 - Oferecer carona a alguém



No segundo dia, comentei sobre ter oferecido carona a duas mulheres que estavam paradas na estrada. É uma avenida de 3km que vai da Raposo Tavares até os condomínios da região. Apesar de ser uma região segura, a estrada é escura e não há transporte público à noite (durante o dia existe somente nos horários em que o pessoal que trabalha por aqui chega).

É estranho, mas após oferecer uma ajuda gratuita ser recusada (fato perfeitamente normal), a  sensação que me dá, reforça a crença de que não é preciso querer ajudar quem não pediu por ajuda. Mas não acredito muito nisso. Acho que se todos fôssemos solícitos grande parte do nosso dia, estaríamos vivendo uma época especial.

Hoje passei pelo mesmo local atento para ver se encontrava alguém que precisasse de carona. Vi uma moça caminhando com uma mochila nas costas, subindo o começo da avenida. Ou ela morava no começo dela, ou teria que fazer uma bela caminhada. Encostei o carro e ofereci carona. Ela gentilmente recusou, dizendo que não ia muito longe.

Segui caminho e um quilômetro para frente havia um homem caminhando com uma sacola grande. Parecia pesada. Pensei em oferecer carona A medida em que me aproximava dele, surgiram vários pensamentos rápidos em poucos segundos: vergonha de falar, pensar que ele também poderia não estar indo longe, receio de encostar o carro na rua e atrapalhar quem vem atrás, levar buzinada, medo de oferecer carona para algum estranho. Resultado: passei direto.

Em poucos segundos, me arrependi de minha decisão. Lembrei-me na hora, de uma vez em que pensei em ajudar uma pessoa no shopping e não o fiz. Foi a situação que deu origem a idéia desse desafio*. Fiz meia volta e retornei pela avenida, passei pelo homem que caminhava com a sacola e fiz nova volta. Passei por ele, como se fosse a primeira vez e ofereci carona. Ele abriu um grande sorriso, como se surpreso pelo que ofereci. Disse que morava no pet shop que ficava há 100 metros dali, mas agradeceu profundamente.

Não consegui dar carona a ninguém, mas após essas 3 tentativas, considero uma tarefa realizada. E pretendo oferecer mais vezes e se possível fazer isso em São Paulo, o que é muito mais complicado.

*Há alguns meses, estava no shopping, na fila do caixa do estacionamento. Na minha frente, uma mulher estava discutindo com a moça do caixa, porque a máquina do cartão não estava funcionando. Ela não tinha dinheiro e teria que buscar um caixa eletrônico fora do shopping, pois era o único local onde poderia sacar. Pensei  em emprestar-lhe o dinheiro do estacionamento, mas pelos segundos que raciocinei se deveria emprestar ou não, a mulher saiu da fila, em direção à saída. Sei que não era nenhum problema grande ter que sacar dinheiro em outro lugar, mas o que me incomodou foi o fato de querer prestar uma ajuda e não fazer por pensar demais. Foi como se uma força maior me impedisse de fazer  o que sentia certo. Nesse dia comecei a pensar em como me forçar a superar essa barreira invisível.

Balanço da Primeira Semana


Após 7 dias de ações já consegui ter algumas percepções sobre o desafio. Fiquei  extremamente feliz com a quantidade de mensagens de apoio que recebi. A ideia desse challenge era me forçar a colocar em prática coisas que sempre quis fazer, planos que tinha traçado, mas que sempre acabava deixando de lado. Seja pelo fato de ser engolido pela rotina, seja por algum bloqueio psicológico meu. Esperava que algumas pessoas fossem achar curioso, mas não da intensidade como aconteceu. 

Recebi várias mensagens particulares de gente com quem não falava há muito tempo, parabenizando pela iniciativa e dizendo que tem vontade de fazer a mesma coisa. Alguns amigos divulgaram o blog, sem que eu pedisse ajuda para divulgar, mas apenas por acharem que a idéia poderia ser passada para frente. A todas essas pessoas, gostaria de agradecer de coração. Com certeza, estou levando o desafio mais a sério após essas mensagens. Para aqueles que disseram que tem interesse em participar, digo o seguinte: “Comecem!” Apenas comecem, sem muito planejamento e sem medo de desistir no meio do caminho. Só o fato de começar vai fazer com que vocês se envolvam com as tarefas. E assim isso começa a fazer parte do seu dia-a-dia.  Quem quiser fazer esse desafio, sem contar as histórias da maneira como estou contando (pois isso demanda mais tempo), pode fazer. Não existe maneira certa de fazer as coisas. Só precisamos fazer o que sentimos que é certo.

Como já imaginava, também recebi algumas críticas de pessoas ironizando esse desafio. Como havia dito no primeiro post, não tenho pretensão nenhuma de me mostrar para ninguém, nem de provar nada. Apenas estou buscando o hábito de praticar o bem, e me tornar a melhor pessoa que posso ser.

Os primeiros dias foram os mais difíceis. Por mais simples que fossem as tarefas que escolhi para começar, o fato de me lançar num desafio novo, me gerou ansiedade e um pouco de medo. O que mais me impressiona é que por mais que esteja fazendo coisas boas e que minhas intenções sejam as melhores, fico com medo da reação das pessoas com que vou interagir. Se pensarmos friamente, é um absurdo. Quem deveria ficar com medo é quem faz coisas erradas ou prejudica os outros. Quando fazemos coisas que vão beneficiar alguém deveríamos nos sentir livres e bem e não o contrário.

Após o terceiro dia, percebi que já estava ficando mais natural. Algumas pessoas já vinham me perguntar qual seria a ação do dia, mas o mais legal, pelo menos para mim, é não se planejar.  Ficar alerta e esperar a oportunidade de encaixar alguma ação em alguma situação em que me encontrar. Isso dificulta um pouco, mas faz com que eu aumente a percepção das coisas ao redor, ficando mais no presente. Tudo muda quando estamos verdadeiramente no presente.

Sei que não adianta fazer isso apenas uma vez e depois voltar a levar a vida que vinha levando. Mas acho que as coisas estão se amarrando. As ações que estou realizando estão gerando tarefas que devem ser feitas de maneira contínua, como cuidar da arvorezinha que plantei, ou manter o contato com as pessoas que estou conhecendo. Estou criando o hábito de olhar mais para fora e estou percebendo minhas atitudes egoístas e contraditórias. Essa é somente a primeira semana e tenho a consciência de que muita coisa ainda vai mudar até o 30º dia.

Peço que quem estiver gostando ou quem tiver dicas e sugestões, postem comentários ou me mandem mensagens. Isso motiva muito ;)!

1.7.12

Dia 7 - Dia da faxina. Fazer uma limpeza e doar livros / roupas / brinquedos / comida


O economista italiano Vilfredo Pareto desenvolveu uma teoria, na qual defende a idéia de que para muitos fenômenos, 80% das conseqüências advém de 20% das causas. Essa teoria ficou conhecida como Princípio de Pareto, e pode ser aplicada em muitas coisas do nosso dia-a-dia. Por exemplo: em uma empresa, 80% do total de vendas está relacionado com 20% dos produtos; 80% da renda está concentrada em 20% das pessoas; 80% dos usuários de computador usa apenas 20% dos recursos disponíveis

Aplicando esse princípio na nossa rotina, podemos dizer que 80% do tempo, usamos apenas 20% de nossas roupas. Pelo menos no meu caso, isso é uma grande verdade. Tenho muitas roupas no meu armário, mas acabo usando basicamente sempre as mesmas. As demais, guardo para eventuais situações em que tenha que usar. O que não faz muito sentido, já que dessa maneira, separo um grande espaço para roupas que nunca serão usadas e situações hipotéticas em que posso ter a necessidade de usá-las.

Aproveitei a manhã do domingo para fazer uma limpeza no meu armário. Esporadicamente faço essa limpeza e a última foi há uns 3 meses. Após essa última faxina, separei muita roupa que não usava há anos e coloquei em mochilas que também não utilizava mais e entreguei para pessoas que encontrei na rua.

Pensei que dessa vez não teria tanta roupa como da outra vez. Mas me surpreendi com quanta coisa guardo por puro apego. Roupas que gostava muito, mas que hoje não gosto mais e acho que nem combinam mais comigo, roupas que ficaram pequenas (apesar de não ter crescido tanto, também tenho coisa que não me serve mais...rs), roupas que ganhei, nunca usei e nunca doei porque eram de grife e roupas que achava que um dia usaria, mas usei quase nunca.

Separei todas essas, tentando me desapegar ao máximo.

Resultado:
9  Camisas
18 Camisetas
5 Calças
4 Bermudas
6 Bonés
7 Cintos
4 Agasalhos
4 Bandanas
13 Abadás
2 Sapatos
1 Chuteira

Agora preciso ver a melhor maneira de doar essas roupas. Quem tiver sugestão do que posso fazer com elas pode deixar um comentário aqui ou mandar mensagem. Nos próximos dias farei ainda uma faxina de livros e outras coisas que podem ser doadas.