Reflexões próprias, trechos de livros, parábolas e citações para ajudar a refletir mais sobre a vida...
22.12.12
Já que o mundo não acabou
Quem me conhece sabe que eu sou um daqueles que esperava que algo pudesse acontecer até 21 de dezembro de 2012. Não esperava pelo fim do mundo, mas passei os últimos 3 anos com a esperança de que o 21 de dezembro fosse o início de um período de evolução do homem, onde o individualismo seria deixado de lado e a união entre as pessoas seria uma realidade. Mas na minha concepção, isso somente seria possível com algum tipo de cenário de situação extrema, que forçasse todas as pessoas a repensarem seus comportamentos, como uma crise financeira violenta, ou algum tipo de catástrofe de proporções maiores. Bom, nada disso aconteceu, e aqueles que riam dos que acreditavam em algo parecido com o que eu pensava, estão rindo ainda mais. Mas, deixando as brincadeiras de lado, já que o mundo não acabou, acho que precisamos repensar muitas coisas que acontecem hoje. Abaixo, alguns pontos:
- Menos individualismo. Deveríamos ver os outros como pessoas que têm os mesmos medos, mesmos sonhos e a mesma vontade de ser feliz que nós. Esse sentimento de separação, de que é cada um por si e dane-se o outro não faz sentido algum. Essa forma de pensar leva as pessoas ao isolamento, à solidão e espalha um sentimento de desconfiança em tudo o que fazemos. Ninguém confia mais em ninguém, porque existe uma grande chance de ser passado para trás. Seja lá o que isso queira dizer...
- Mais contato com a natureza. Quem vive nas cidades, tem contato quase zero com a natureza. Compramos produtos prontos, que já vêm embalados, não cultivamos nada e nem sequer sabemos, como se planta um tomate. O contato da natureza de uma pessoa da grande cidade, como um paulistano, é uma caminhada no parque ou um passeio de bicicleta pela ciclofaixa. A natureza revela muitos ensinamentos, nos coloca no momento presente e passamos a entender melhor a vida. Isso precisa ser mudado nas cidades.
- Menos foco no dinheiro. A maior parte do nosso dia é voltada para o dinheiro. Passamos cada vez mais tempo no trabalho, pensando em números, sendo cobrados por resultados, almejando produtos e novas compras. Quando o dinheiro deixar de ser uma obsessão, poderemos desfrutar de tudo que existe no mundo e todas as experiências que podemos ter. Mas hoje pensamos, “quando eu tiver dinheiro para isso, quando eu alcançar R$ xx, quando eu ganhar...”.
- Pensar mais pelo outro. Se tirarmos o foco em nós mesmos, começamos a ver novas possibilidades de ajudar todas as pessoas que conhecemos e gostamos. Faça um teste. Pare de pensar por alguns minutos em como você pode ser mais feliz, ou no que deve fazer da sua vida. Escolha uma pessoa que você conhece e pense em como pode ajudar ela. Seja com alguma necessidade que ela tem, algo que já te contou, uma indicação de algum contato relacionado ao trabalho, alguma maneira de realizar um pequeno sonho ou desejo dessa pessoa. Veja como isso já muda a maneira como você se sente. E isso abre um leque completamente novo de ver a vida...
Aquela frase “não tenho medo de mudanças, tenho medo que as coisas nunca mudem”, para mim faz total sentido nesse período. Já que o mundo não acabou e nada mudou, podemos começar a mudar um pouco a cada dia. O ano novo traz novas energias e recarrega nossas baterias para novos planos. Do jeito como está, não está legal...E o 22 de dezembro pode ser o início de um novo ciclo e um novo período, onde quem sabe, poderemos viver melhor e com mais alegria...
26.8.12
Dia 30 - Ensinar alguma coisa que você saiba fazer a alguém
Última tarefa! Demorei mais tempo do que imaginei que fosse preciso, mas acho que tudo correu como deveria ser. Estou terminando o desafio hoje, embarcando por duas semanas férias amanhã e na volta, não estarei mais na casa dos meus pais. O fim de um ciclo. Esse período do desafio foi realmente transformador. Fiz coisas que jamais pensei que pudesse fazer, tentei me abrir mais, ser mais livre com sentimentos e emoções e esse blog foi meu instrumento de libertação.
Há alguns meses, vi uma palestra de Rick Warren, autor do livro “Uma Vida com Propósitos”. Ele fala justamente sobre como viver com mais plenitude e se sentindo útil. Uma das lições sobre a qual ele fala é que devemos buscar saber o que temos nas mãos, o que nos foi dado nessa nossa vida e analisar como estamos utilizando isso. Quais são os talentos e habilidades que você tem e como você os utiliza? Não me considero uma pessoa com alguma habilidade específica que pudesse me colocar em lugar de destaque, ou a ponto de poder ensinar as pessoas. Esses dias de 30-Day Challenge, me ajudaram a chegar um pouco mais perto do que imagino ser uma maneira mais correta de se viver e gostaria de aproveitar essa última tarefa para contar a vocês, amigos que me acompanharam nesse período, as coisas que pude aprender.
1 – Rotina só existe se você quiser. Muita gente passa a vida reclamando da rotina. Reclamam que fazem sempre as mesmas coisas e que estão infelizes com a vida que levam. Fazendo pequenas mudanças, a rotina desaparece. O dia em que saí sem carro é um bom exemplo disso. E coisas ainda menores podem ser feitas. Experimente reparar mais no que está ao seu redor e nas coisas que vê no caminho. É como se um novo leque de opções se abrisse.
2 – Pensar demais atrapalha. Dizem que o homem utiliza apenas 10% da capacidade do seu cérebro. Acho que os outros 90% são utilizados com suposições e criando cenários que nunca existiram e nem vão existir. Saia da sua cabeça e veja como as coisas mudam para melhor.
3 – A melhor maneira de parar com pensamentos negativos é a ação. Muitas vezes fiquei nervoso com as atitudes que iria tomar, sendo tomado por centenas de pensamentos e enquanto não agisse, esses pensamentos me dominavam. Quando nosso eu crítico ameaçar aparecer, quebre com ação. Pare de pensar e simplesmente faça.
4 – Elogie sempre que possível. Algumas pessoas me criticaram ou ironizaram esse desafio em que me lancei. Mas recebi o elogio de muitas outras. E esses elogios têm o efeito de eliminar as críticas e torná-las irrelevantes. Todas as pessoas procuram aceitação e muitas vezes questionam se estão fazendo o certo. Elogiá-las mostra que estão no caminho certo. Nunca é demais. Sempre é bem aceito.
5 – Se o que você pretende fazer vai beneficiar outra pessoa, faça! É engraçado, mas algumas das atividades que fiz tinham o intuito de ajudar as pessoas e mesmo assim eu ficava receoso em fazer. Por que motivo? Se a idéia é fazer o bem, por que ter medo? Faz bem se generoso. Ser generoso com os outros, deixa as pessoas com quem você interage felizes e faz você se sentir bem. Acho que esse é o combustível para melhorar a sociedade. Se todos fossem generosos, que espaço restaria para o individualismo?
6 – As pessoas que gostam de você, sempre vão querer a sua felicidade. Não tenha medo da crítica, ou de desagradar as pessoas que você mais gosta. Se o que você pretende fazer tem sua felicidade como finalidade, você não vai desagradar a essas pessoas. Elas querem o seu bem, tanto quanto você.
7 – Acabe com o isolamento. Entre em contato com as pessoas que você gosta. Ligue para seus amigos, escreva mensagens bacanas, visite essas pessoas. As barreiras que nos separam são invisíveis e alguém precisa rompê-las. Não pense que as pessoas não ligam para você. Elas apenas estão presas nas mesmas barreiras invisíveis que você.
8 – Contato com a natureza. Uma das melhores heranças que terei desse desafio, foi ter adquirido o hábito de cuidar de um jardim. A natureza revela todos os ensinamentos que precisamos e nos coloca no presente. É possível aprender muito reparando nas plantas, nos animais e em tudo que é natural. Devemos deixar nossa vida ser natural como a natureza.
9 – Não existe certo ou errado. Se você busca fazer o bem, evoluir ou a felicidade, a sua maneira é a maneira certa. Se pensasse em regras, certo, ou errado, não teria completado esses desafio. Por vezes pensava se estava cumprindo corretamente as tarefas, mas desde que estivesse buscando me tornar uma pessoa melhor, estava no caminho.
10 – Constância. Ter constância é fundamental para conseguir criar novos hábitos e mudar comportamentos. Nos períodos em que tive constância, tudo fluía mais fácil. Quando perdi a constância, tive dificuldades, deixei a rotina me engolir, perdi o espírito de fazer o bem. Ghandi disse que “pensamentos tornam-se ações, ações tornam-se hábitos, hábitos tornam-se caráter e nosso caráter se torna nosso destino”.
Nesses 60 dias que duraram meu desafio de 30 dias (rs), pude aprender essas coisas que citei acima. Claro que ainda tenho dificuldade em aplicar todos esses insights no meu dia-a-dia. São coisas que aprendi, mas que ainda não são hábitos meus. Como vocês puderam acompanhar, tenho muitos anseios, medos e inseguranças que me impedem de ser totalmente livre. Mas acho que estou caminhando passo a passo para melhorar. Não tive a pretensão de ser melhor que ninguém, nem de me mostrar uma pessoa que não sou. Apenas busco ser um ser humano melhor que já fui.
Obrigado a todas as pessoas que acompanharam esses posts, que me enviaram mensagens de apoio e elogios. Foi daí que tive força e disciplina para completar.
Para terminar, revelo um segredo. Todos os dias, quando ia começar a escrever, colocava o fone e ouvia a essa música. Foi o tema que deu a inspiração dos meus textos.
<object width="640" height="360"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/bvFLKyAGzzI?version=3&hl=pt_BR&rel=0"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/bvFLKyAGzzI?version=3&hl=pt_BR&rel=0" type="application/x-shockwave-flash" width="640" height="360" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true"></embed></object>
Dia 29 – Visitar um parente que você não veja com freqüência
Quando comecei esse desafio, achava que uma das primeiras tarefas que realizaria seria visitar um parente. Assim, pensei em deixar mais para o final, para ficar na manga, e realizar quando tivesse dificuldade com outras tarefas. Acabou que foi uma das tarefas que mais tive dificuldade de realizar. Curioso, não?
Acontece que à medida que postava minhas tarefas no blog, mais gente ficava ciente do que estava fazendo. E aí começou a acontecer uma coisa que é muito ruim para a realização de atividades. Fiquei preso dentro dos meus pensamentos, achando que as pessoas poderiam achar que eu estava visitando apenas para cumprir uma tarefa e postar no blog. Uma atitude egoísta e não uma visita genuína. Com isso, limitei as minhas escolhas e apesar de ter uma família grande, fiquei com vergonha de ligar para encontrar alguns parentes que poderia ter visitado. No fundo, é verdade que visitaria para cumprir a tarefa, mas na realidade são atividades que são de fato transformadoras e mudam a maneira como você se comporta. Portanto, mesmo que você esteja fazendo algo por você mesmo, se trouxer alegria para os outros, então tudo bem.
Hoje em dia, fazer uma visita pessoal é uma coisa incomum. Especialmente em uma cidade como São Paulo. Temos contato com centenas de pessoas pelas nossas redes sociais, mas não falamos mais com elas. Fazer uma visita em suas casas é algo ainda mais raro. Quando foi a última vez que você ligou para alguém que não via há um tempo e disse “Estou dando uma passada para fazer uma visita, ok?”? Apenas vamos à casa das pessoas quando ela nos convida e ainda assim, vejo que esses convites têm ficado cada vez mais escassos. Está cada vez mais difícil encontrar as pessoas que queremos por perto. Todo mundo está sempre ocupado com trabalho, eventos pessoais e os diálogos costumam ser mais ou menos assim:
- Po, que saudade de você.
- Pois é, eu também. Você sumiu.
- Eu to sempre por aqui, você que sumiu.
- É verdade, vamos marcar alguma um dia desses.
- Vamos sim. To indo viajar daqui duas semanas, mas quando eu voltar a gente marca.
E nunca marcamos. O tempo passa e você se afasta das pessoas. Fiquei de visitar alguns amigos quando seus filhos nasceram e quando o fiz, o filho já estava como mais de um ano. Outros, fui deixando o tempo passar e não visitei. E depois de tanto tempo, você fica com vergonha, por ter passado tanto tempo. Acho que é assim que as pessoas se afastam. O tempo traz consigo um componente psicológico, que deixa o contato esquisito e supostamente inadequado.
Como disse no começo do post, achei que fosse ter mais facilidade com essa tarefa. Tive sentimentos esquisitos, como achar que poderia incomodar alguém e dar trabalho ao ir até sua casa e fazê-la me receber, tentar adivinhar o que ela poderia pensar de minha visita ou ligação inusitada. Um misto de nervosismo, ansiedade e receio de incomodar. Ridículo,não é mesmo? Eu invejo a simplicidade da vida no interior, onde as coisas e as pessoas não têm essa complexidade. Falo por mim, mas acho que muita gente vive a mesma situação.
Hoje fui com meu pai e minha irmã visitar minhas tias avós. São duas irmãs da minha avó que vivem sozinhas e somente encontro em festas grandes (casamentos ou aniversários múltiplos de 10) ou em velórios e enterros. Elas vivem no mesmo bairro onde trabalho e ainda assim as vejo com pouca freqüência. E foi muito gostoso.
Encontrar pessoas que gostam bastante de você mostra o quão ridículo é hesitar em visitar. Você sempre será bem recebido pelas pessoas que gostam de você e sempre levará um pouco de alegria para elas. Tomar chá, comer bolo, ouvir histórias e sentir que tem gente que você não vê com freqüência e que deseja o seu bem sempre. Como disse Vinícius de Moraes, “a vida é a arte do encontro”
22.8.12
Dia 28 – Dizer “Eu te amo” para alguém que você não costuma dizer
28ª tarefa sendo realizada no dia do meu 28º aniversário. O
dia certo para fazer resoluções é o réveillon ou o dia do seu aniversário? Eu
particularmente gosto de fazer resoluções e planos para um ano novo. A vida é
feita de ciclos. A natureza tem ciclos: as plantas nascem crescem e morrem, o
sol nasce, brilha no céu e se esconde no horizonte, os animais se orientam por
ciclos. Os ciclos fazem parte da nossa vida. O fim do ano de um calendário
marca o fim de um ciclo e com o início de um novo período. A energia se renova e
se revigora. Penso que devemos aproveitar esses ciclos para repensar nossas
atitudes e comportamentos, buscando sempre nos tornarmos pessoas melhores.
1º de janeiro é uma data em que faço planos e repenso meus
objetivos. E 22 de agosto é a data em que faço balanços sobre esses planos
traçados e repenso minha vida. Tem gente que aproveita o aniversário para
cumprir promessas, como parar de fumar, ou começar academia. Eu procuro pensar
em coisas um pouco mais subjetivas e ver o que posso melhorar em termos de
comportamento e na maneira como conduzo minha vida.
No começo desse ano, meu objetivo maior era levar a vida com
mais leveza. Me cobrar menos, confiar que as coisas acontecem da maneira como
devem ser e que tudo é perfeito. Olhando para trás agora, penso que dei um belo
passo nesse sentido, especialmente quando vejo que consegui colocar mais coisas
em prática, como esse desafio, por exemplo, sem me apegar muito ao resultado,
ou ficar com medo do que possa acontecer. Pensar menos e fazer mais. No
entanto, ainda penso muito que as coisas dependem de mim e que eu sou responsável
por tudo que me acontece. Isso tira um pouco da leveza e me tira do presente,
uma vez que fico tentando avaliar se o que faço é correto, ou tentando supor o
resultado de cada atividade. Por isso é bacana aproveitar o dia do aniversário
para repensar os objetivos traçados e redirecioná-los.
Ultimamente, tenho tentado ser mais livre em relação aos
meus sentimentos e tentar racionalizar menos. E é exatamente isso que pretendo
prestar mais atenção. As tarefas que realizei nesse desafio e especialmente os
textos que escrevi e a maneira como me expressei têm me ajudado muito a ser
mais livre. Sinto que quem não me conhece, começa a conhecer melhor as coisas
que passam pela minha cabeça, e quem já me conhece, consegue entender melhor
meus anseios. Isso é um grande passo para uma libertação maior.
Para algumas pessoas, dizer “eu te amo” é uma coisa muito
comum, simples e fácil. Para mim, nunca foi. Talvez porque minha família também
é mais reservada, ou simplesmente porque não tenho esse hábito. Minha namorada
Vitória tem sido a pessoa que mais tem me ajudado a me abrir mais e expressar
melhor meus sentimentos.
Além do fim de um ciclo de 365 dias que termino ao completar
28 anos, estou de malas prontas para deixar de morar na casa dos meus pais,
talvez apenas temporariamente, ou possivelmente o fim de mais um ciclo. E por
mais absurdo que isso possa parecer, não me recordo da última vez em que disse “eu
te amo” para meus pais. Assim, gostaria de aproveitar esse desafio de hoje e as
boas vibrações que recebi de todos meus amigos pelas mensagens de feliz
aniversário que recebi de meus amigos e repassar isso aos meus pais e à minha
irmã. São as pessoas que mais amo nesta vida e as que menos recebem
demonstrações de afeto de minha parte. Pai, Mãe e She, amo vocês!
Aos meus amigos, obrigado pelas mensagens de feliz
aniversário. Amo vocês todos também!
20.8.12
Dia 27 - Convidar amigos para um jantar
Mais um longo período sem cumprir nenhuma tarefa. O final do
desafio limita um pouco minhas ações e dificulta a realização. Tenho percebido
cada vez mais uma característica minha que antes achava positiva, mas que acho
que me prejudica mais que ajuda. Tenho muita iniciativa para fazer muita coisa,
gosto de fazer várias coisas ao mesmo tempo, ocupar minha agenda e minha cabeça
com planos e tarefas, mas tenho dificuldade de completá-las. Isso vale tanto
para coisas da minha vida pessoal que começo a organizar e deixo semi-organizada,
idéias que começo a rabiscar e depois ficam intocadas e até atividades do meu
trabalho. Refletindo sobre isso, tenho algumas vagas idéias do que podem gerar
isso: o falso pensamento de que o desafio maior já foi batido (começar, ou
fazer grande parte), a vontade de querer que algumas coisas durem mais tempo
(sempre fico triste quando as coisas chegam ao fim, seja viagem, um show, um
filme ou mesmo uma semana) e o desejo de querer fazer da melhor maneira
possível, que acaba por me paralisar.
No caso desse desafio, acho que essas
três coisas estão presentes: Penso que o mais difícil já fiz e estou de certa
forma, orgulhoso de mim mesmo, não queria que esse desafio tão legal de se
realizar terminasse e queria que os últimos posts fossem os melhores. Resultado:
4 tarefas para o fim e fiquei paralisado.
Essa é a semana do meu aniversário e portanto, uma boa
semana para completar não vou decepcionar quem acompanhou todos os outros dias.
Sábado aproveitei para comemorar meu aniversário com um
churrasco com amigos. Sou daquelas pessoas que gosta do seu aniversário e de
comemorar. Acho que mais do que simplesmente comemorar mais um ano de vida, é a
possibilidade de juntar todas as pessoas que mais importam para você. No meu caso,
namorada ( :) ! ),
amigos e família. Muitas vezes deixamos de fazer coisas pensando no dinheiro.
Pensamos em quanto vamos gastar, em quanto isso pode nos atrapalhar com nossas
finanças, mas a verdade é que distribuímos o montante que ganhamos. Tente
pensar em todo o dinheiro que você gastou com eventos que não lembra nem ter
ido, com coisas que comprou e nem sabe onde estão hoje, ou com manutenção de
coisas que nem mais tem. Pensem em quanto dinheiro você gastou com pessoas que
sequer sabe onde estão hoje. E quanto você gastou com pessoas que estão o tempo
inteiro com a gente? Provavelmente o valor que gastou com as pessoas que você
mais ama é MUITO inferior a esses outros gastos. Pensando dessa maneira, faz
todo sentido convidar mais seus amigos para jantares, churrasco, ou eventos.
Presentear mais essas pessoas, seja em datas especiais ou sem motivo algum. É
apenas uma questão de deixar tudo proporcional.
Para mim, essas pessoas queridas têm o efeito de me fazerem
ser uma pessoa melhor. É pensando em agradar elas que faço as coisas que faço e
são elas que me dão forças e incentivos para buscar realizar meus sonhos
pessoais. Estamos todos conectados e não é possível se realizar individualmente
sem a ajuda e a companhia de outros.
A grande lição que tiro desse final de semana é que dinheiro
gasto pelas pessoas que você gosta é muito bem gasto. Pretendo fazer isso mais
vezes e à medida que meus rendimentos aumentarem, seria legal manter uma certa
proporção disso, em relação a outros gastos supérfluos que temos.
7.8.12
Dia 26 - Dar uma gorjeta gorda para alguém que lhe prestou um serviço
Onze
dias sem escrever. Como já cheguei a dizer em algum dos posts, imaginava que
poderia ter dificuldade para terminar. Mas não esperava que poderia chegar a
ficar tanto tempo como esses onze dias. Minhas desculpas? Teria muitas para
dar, mas usá-las seria enganar a mim mesmo. A verdade é que não tive a
disciplina para terminar as tarefas. Talvez pelo fato de estar chegando perto
do final, relaxei. Como se esses 25 dias já tivessem provado para mim mesmo de
que sou capaz. Ou como se atingisse uma zona de conforto. Me faz lembrar o dia
que dormi no volante voltando para casa e bati o carro a 200 metros de casa,
dentro do meu condomínio, por relaxar no final, depois de um caminho de 30km
lutando contra o sono.
Quando
você fica um dia sem escrever, sente um pouco mais de dificuldade no dia
seguinte. Quando você fica mais tempo sem escrever, a força necessária para
retomar um hábito é muito maior. No meu caso, a dificuldade era dupla: realizar
uma tarefa durante o dia e escrever à noite. Quando digo dificuldade, estou tentando
me convencer de que é difícil, mas a bem da verdade é que depende apenas de um
esforço pequeno inicial. Depois as coisas fluem. Forcei-me a fazer prestar mais
atenção ao meu dia de hoje, para encontrar uma atividade que pudesse realizar e
estou me forçando a escrever agora. São 23:11. Acabei de chegar em casa, estou cansado,
mas senti que se não escrevesse hoje, poderia ficar ainda mais complicado
amanhã.
Parei
para abastecer o carro ao sair do trabalho em direção ao estúdio onde ensaio
com minha banda. O frentista sorriu simpático e me pediu para encostar em uma
bomba. Encostei e disse o tradicional: “completa com gasolina, chefe”. Ele respondeu
me dizendo que não era naquela bomba e que deveria ir para outra. Na hora
pensei “Po, ele que me mandou encostar naquela.” Liguei o carro e manobrei para
parar o lugar onde ele me sinalizou. Pedi para aproveitasse e calibrasse meus
pneus. Ele perguntou quantas libras e respondi:
“32 na frente e 30 atrás”. Estava
distraído mexendo no celular e quando olho, ele está calibrando os pneus de
trás com 32. Fez confusão. Avisei o frentista, que sorriu e pediu desculpas. Ameacei ficar irritado com suas trapalhadas,
mas cortei esse pensamento. Após calibrar o pneu, trouxe a máquina do cartão.
Passou o valor errado e eu o corrigi. Passou novamente, dessa vez o valor
correto e pediu para que assinasse a primeira via que saiu da máquina. Pedi uma
caneta e ele disse que não tinha. Saiu para buscar. Eu estava um pouco atrasado
para o ensaio e acho que por isso ameacei me irritar novamente. Quando ele
voltou, abriu um sorriso e me entregou a caneta. Ele estava completamente
atrapalhado, e pude perceber isso. Ao invés de criticar ou reclamar, sorri de
volta e decidi dar-lhe uma bela gorjeta. O sorriso que abriu foi ainda maior.
Após todas essas “trapalhadas”, acho que não esperava ganhar nada em troca,
pelo contrário.
Qualquer paulistano reclamaria do atendimento. Mas quem disse
que temos que agir sempre do mesmo
jeito? Somente que presta bom serviço deve ser recompensado? O sorriso e a
pureza ao pedir desculpas valem tanto quanto um bom serviço prestado. Pelo
menos para mim. Pelo menos dessa vez...
26.7.12
Dia 25 - Um dia respeitando todas as leis
Dia 25 - Recolher todo o lixo que encontrar na rua Um dia respeitando todas as leis
No dia em que saí sem carro de
casa, aproveitei para prestar atenção se seria possível fazer a tarefa de
recolher todo o lixo que encontrasse na rua. Vi então que era impossível, como
previra meu amigo Murilo no dia em que postei os 30 desafios. Se saísse a pé,
passaria o dia todo recolhendo coisas do chão. E se saísse de carro, não teria
como recolher nada. Então, pela primeira vez, como um Silvio Santos na Casa dos
Artistas, vou mudar as regras e trocar esse desafio. Pensei em um outro que
fosse mais ou menos similar e que fosse possível de ser realizado: Passar um
dia todo, sem burlar nenhuma lei (ok, pode parecer um belo dum paradoxo, mudar
a regra para um dia sem burlar regras, mas essa é a graça).
Antes que pensem coisas erradas
de mim, não, não sou fora da lei, ou um cara que infringe a legislação. Mas
como todo mundo, acabo fazendo coisas que não poderiam ser feitas. Vamos a
algumas:
Regras de Trânsito: Falo no
celular enquanto dirijo TODOS OS DIAS. É uma das maneiras de aproveitar melhor
o tempo no trânsito. Falo sobre coisas do trabalho enquanto vou para o
escritório e ao final do dia, converso com algum amigo, ou adianto alguma coisa
que se discutida no mundo virtual demoraria muito mais. Acho essa regra, de
certa forma meio engessada. Ok, falar no celular enquanto se dirige em alta
velocidade pode ser perigoso. Mas e quando o trânsito está parado? Que mal
posso causar? De qualquer maneira, hoje evitei isso. Quando me telefonaram e
estava no carro, não atendi. Insistiram na ligação, atendi pelo viva voz e
disse rapidamente que estava dirigindo e retornava depois. Esquisito fazer
isso, e acho que conseguiria atender a ligação sem gerar nenhum mal, mas me
propus a seguir tudo.
Limite de velocidade: Não sou um
cara imprudente no trânsito, mas tem algumas vias que têm limites de velocidade
que para mim, são claramente uma maneira de ganhar dinheiro. 60km por hora em
algumas vias expressas é um verdadeiro absurdo. Hoje me limitei a esse limite e
vi como mesmo quando você faz as coisas certas irrita as outras pessoas.
Respeitando o limite de 50km no túnel fui pressionado pelo carro de trás que
vinha mais veloz. E olha que não estava na faixa da esquerda.
Atravessar na faixa de pedestre:
em frente ao meu escritório fica uma avenidona e confesso que sempre que
preciso atravessar, o faço sem ir para a faixa de pedestre que fica à 200
metros para a direita. Nesse caso, não contesto essa lei, apenas não tenho
paciência. Mas é a mesma lógica de atravessar na passarela. E eu sempre me
incomodo com pessoas que atravessam a rodovia embaixo da passarela. Então vamos
ser coerentes, não é mesmo?
Baixar músicas: Isso é uma prática
que praticamente já aboli. Baixando músicas ilegalmente, acabo contribuindo
para uma crise na indústria da música e prejudicando artistas. Tudo bem que o
modelo deve acompanhar a tecnologia, mas isso é uma outra discussão. E se eu
comprar algumas músicas pelo itunes, não me sairá muito caro mensalmente, e ganho
com a praticidade e facilidade das músicas simplesmente pularem para o meu celular.
Àqueles que contestam esse meu argumento, recomendo ler por completo o texto
desse link que recebi do meu amigo Sandro. http://thetrichordist.wordpress.com/2012/06/18/letter-to-emily-white-at-npr-all-songs-considered/
A conclusão que chego com esse
desafio de hoje é que muitas vezes nem percebemos as regras que burlamos. São coisas
banais que fazemos no dia-a-dia, como essas que citei acima, e para mim
significam três coisas: a primeira é a de que somos contraditórios, pois
exigimos dos outros o cumprimento das leis e regras que nos convém e não
fazemos nossa parte, quando não nos convém. A segunda, é a de que quando são
criadas leis burras, ou engessadas, a tendência é ninguém cumprir e banalizar,
como o limite de velocidade em algumas vias. E a terceira é que muitas vezes
acabamos infringindo as leis, como maneira de fazer nossa própria justiça, como
no caso da carteirinha de estudante (onde não se paga metade, mas o valor
correto, enquanto quem não tem, paga o dobro).
24.7.12
Dia 24 - Dar flores para uma mulher
Se ontem foi o dia 22, por que hoje é o dia 24? Ontem fiz
duas tarefas e se considerar sendo o dia 23, vou finalizar o desafio no dia 29.
Aí vai perder toda a graça. A proposta inicial desse desafio era realizar 30
tarefas em 30 dias. Não consegui. Então a contagem por dias deixou de fazer
sentido. A bem da verdade é que isso pouco importa. O que importa é o que estou
buscando fazer a cada dia. Pensando nisso, é engraçado ver como ficamos
confusos com regras. As regras existem para que tenhamos um pouco mais de ordem
na nossa sociedade. Vivemos sempre tentando fazer as coisas direito, julgando
entre certo e errado. No começo fiquei pensando que se não realizasse em 30
dias, fazendo uma tarefa por dia, não estaria fazendo certo. Mas quem disse que
existe certo ou errado? Se seguisse essa lógica, teria errado, então seria
desclassificado do desafio e teria parado na 2ª semana...hahalha. Veja bem, se
a idéia do Challenge é mudar minha rotina e quebra meus paradigmas, não preciso
de ordem. É mais interessante que tenha um pouco de desordem. E essa confusão
com dias e desafios é parte disso...
A tarefa de hoje fui difícil para mim. Interessante ver como
as pessoas são diferentes. Se cada um tentar fazer esse desafio com essas
tarefas, teremos dificuldades diferentes para cada um. Assim como para algumas passar
um dia sem carro é moleza e para mim complicado, comprar flores pode ser um ato
simples e comum para uns e difícil para mim. Difícil porque uma das maiores
dificuldades que tenho é de demonstrar sentimento e expor emoções. Mesmo e
especialmente com pessoas da minha família.
Voltando para casa, decidi parar no Pão de Açúcar e comprar
flores para minha mãe e para minha avó. Parece uma coisa muito simples, mas
quando você tem 28 anos e nunca fez isso na vida, percebe que não é fácil. O
ato em si é fácil. Pare numa loja ou floricultura, escolha as flores, pague e
dê de presente. Mas o processo mental de tudo isso é meio complicado, quando é
uma coisa que você não faz. E esse é o que tem sido o maior aprendizado e o
maior benefício que estou tendo. Quebrar amarras mentais. Fiquei pensando que
seria esquisito e que minha mãe acharia esquisito eu fazer isso do nada. Mas
como em todas as ocasiões, basta quebrar os pensamentos com ações.
Escolhi duas flores que gostei e achei que pudessem agradar
essas que são, junto da minha irmã, as mulheres mais importantes da minha vida.
Demorei a escolher, confesso, com medo de errar na escolha (vejam como a
decisão entre achar certo ou errado se faz presente nas nossas atividades. Não
existe certo ou errado. Existe o que achamos a melhor coisa a se fazer).
Escolhi e entrei na fila do caixa para pagar. Então uma cena legal. O rapaz que
estava à minha frente, reparando nas flores que estava comprando, saiu da fila
e escolheu também um vasinho de flores para levar. Não sei se ele sentiu-se
estimulado, ou se apenas se lembrou de que precisava comprar, mas o fato é que me senti bem, como se
estivesse influenciando alguém a fazer algo legal. Ao chegar minha vez, a
operadora de caixa me olhou com olhos de ternura, como se pensasse “ah, que
simpático, levando flores”. Mal sabia ela que era um momento raro...hahaha.
É sempre mais difícil fazer coisas diferentes pela primeira
vez. Depois fica fácil. Infelizmente minha avó já estava dormindo. Deixei o
vasinho que comprei ao lado da sua cama e quando ela acordar vai encontrar.
Espero que a deixe feliz, especialmente porque ultimamente tem estado com a
saúde um pouco debilitada.
Estou quase completando o desafio e consigo sentir em mim o
efeito das últimas semanas. Quem me conhece sabe como é estranho eu estar
falando sobre as coisas que escrevi hoje. A idéia do desafio era justamente
essa e acho que estou conseguindo...
23.7.12
Dia 22 - Um dia sem carro / Dar bom dia para 10 pessoas diferentes
Para algumas pessoas, passar um dia sem carro é uma coisa
normal, ou tarefa das mais fáceis de se cumprir. Para mim não. Não porque
raramente ando de ônibus, mas porque moro a 36km do meu trabalho (mapa abaixo)
e o percurso exige um pouco mais do que simplesmente pegar um ônibus.
Essa foi a tarefa mais difícil de ser realizada e que exigiu
o maior esforço. Mas também foi uma das
mais gratificantes e que rendeu a maior quantidade de insights. Por que mudar a
rotina, deixar a comodidade e facilidade do carro, para sofrer no transporte
público?
Aproveitei que hoje era o dia do rodízio do meu carro para
sair para essa aventura (sim, quando você muda sua rotina e vai fazer uma coisa
que nunca faz, um simples trajeto normal vira uma aventura). Saí de casa
pontualmente às 7hs da manhã, coloquei roupas confortáveis e saí caminhando em
direção ao ponto de ônibus. Da minha casa até a Raposo Tavares são 3 km, por
uma estradinha sem muita opção de transporte público. Minha mãe, que estava em
casa nesse horário, se ofereceu para dar uma carona até o ponto de ônibus, mas
recusei, achando que seria interessante se pudesse ir caminhando, coisa que
jamais fiz, nos 17 anos em que moramos
aqui. E de fato foi uma boa escolha. A
caminhada inicial foi a melhor parte do dia. Em um dia de rodízio, costumo
chegar no escritório depois das 10hs, então não tinha pressa para chegar, o que
tornou a caminhada mais agradável.
Aproveitei o caminho para cumprir mais uma das 30 tarefas:
dar bom dia para 10 pessoas diferentes. Enquanto eu caminhava em direção a
rodovia, as pessoas que trabalham no bairro chegavam. Eram em sua maioria
empregadas domésticas, pedreiros, pintores e jardineiros, imagino eu. Decidi
dar bom dia a cada uma das pessoas que cruzava meu caminho. Fato engraçado de
se perceber. A maioria das pessoas vem olhando firme com a cabeça erguida e
quando cruzam seu caminho baixam o olhar, ou desviam, de maneira a não olhar no
seus olhos. À todas as pessoas dizia “bom dia”. A maioria respondia,
surpreendida pela saudação, com um bom dia baixo de volta. Alguns sorrisos.
Outras ignoravam, e algumas nem sequer ouviram, tão presas por seus pensamentos
que estavam. À medida que me aproximava da Raposo, o sol brilhava mais forte, o
barulho dos carros aumentava e as pessoas ficavam mais frias. A sensação do
caos do trânsito começava a aparecer. E então as pessoas deixavam de responder
de volta. Então parei de dizer. Mas o resultado? Ao invés de 10, dei bom dia
para 39 pessoas.
Parei no supermercado do bairro para comprar alguns pães de
queijo (saí de casa sem café da manhã). Comprei mais do que comeria, para poder
oferecer a alguém no caminho: “enquanto estiver no ônibus sentado, lendo meu livro,
como uns pães de queijo e ofereço a quem estiver ao meu lado”, pensei. Chegando
ao ponto, pedi informação a um jovem sobre qual ônibus deveria pegar para a
estação Butantã do metrô. Ele gentilmente me respondeu, dando dicas dos ônibus
que passavam mais vezes. Ofereci meus pães de queijo para ele e para as outras
3 pessoas que estavam no ponto. Nenhuma aceitou...hahaha... confesso que eu
também não aceitaria. Quando meu ônibus apareceu, fiz sinal para que parasse, e
então caí na realidade: Seria impossível ir sentado confortavelmente lendo um
livro. O ônibus estava tão lotado que não conseguia nem entrar. Fiz sinal para
o motorista dizendo que esperaria o próximo. Poucos minutos depois, veio outro.
Dessa vez, um pouco mais vazio, ou melhor, menos lotado. Ônibus apertado, tive
que ir de pé o trajeto todo. Tentei reparar bem nas pessoas que lá estavam.
Quem estava sentado, estava dormindo. As demais pessoas, sem exceção, com
semblantes fechados, em silêncio. Fiquei ressentido de ver essa cena, que deve
se repetir sempre. Imagino o quanto deve ser difícil encarar isso todos os dias
(e depois de hoje, consigo imaginar um pouco melhor). Parecia que as pessoas
estavam sendo levadas à força naquele ônibus, para um lugar de tortura. Ninguém
parecia feliz. E enquanto refletia sobre isso, olhei pela janela e vi o
trânsito parado. Olhei para alguns motoristas e para minha surpresa (ou não) vi
a mesma feição. Apesar de estar num carro, as pessoas estavam com o mesmo
semblante, como se estivessem sendo levadas à força para onde quer que
estivessem indo. Ver o mesmo trânsito que enfrento todos os dias de dentro do
ônibus lotado me fez pensar de maneira diferente. É bem bizarro ter centenas de
carros com somente uma pessoa dentro. Com certeza, Essa é uma das grandes
causas do trânsito caótico de São Paulo.
Depois do trajeto de ônibus, desci na estação Butantã. Metrô
cheio também, mas é inegável sua eficiência. Fiz um trajeto que de carro leva
quase mais de 40 minutos em pouco mais de 15, do Butantã à Paulista. Fiz
baldeação da linha amarela para a linha verde e depois, da linha verde para a
linha azul. Essas duas últimas já estavam bem tranqüilas. Acredito que pelo
horário, e também por estar indo no contra-fluxo da maioria. Cheguei ao
escritório às 9h10. Duas horas e dez minutos depois de sair de casa. Se pensar
que costumo demorar 1h30 de carro e que tive uma caminhada de quase 40 minutos,
não foi tão demorado, mas o cansaço é muito maior. Cheguei mais cansado que normalmente,
por motivos óbvios, mas o fato de ter mudado minha rotina me deu mais energia
para trabalhar. Trabalhei o dia todo hoje com muito mais concentração e
produtividade que o normal. Minha percepção do trabalho também mudou.
Ao final do dia, estava cansado mais cedo que o normal. E
então caí na realidade novamente. Teria que fazer todo o trajeto de volta. E a
volta foi bem mais complicada. Saí do escritório às 18h10. Poderia sair um
pouco mais tarde, mas gostaria de testar a volta para casa no horário de pico. E
te digo que foi tenso...haha. Na fila da bilheteria do metrô, tive a
oportunidade de ajudar uma pessoa. Um jovem estava pedindo para as pessoas da
fila, algum trocado para completar sua passagem de ônibus. Vi que estava
constrangido, pois não parecia ser do tipo que precisava pedir dinheiro para
passagem. Devia estar sem carteira. Enquanto algumas pessoas davam moedinhas,
me ofereci para pagar o valor total que precisava.
Metrô lotado em todas
as linhas. Dificuldade para entrar no vagão, para sair e para caminhar para a
outra
linha. Engraçado como as pessoas acabam adotando o mesmo comportamento
que vejo sempre no trânsito. Algumas tentando ultrapassar as outras por fora,
gente que não dá passagem e gente que acha que você está querendo passá-la para
trás, simplesmente porque quer entrar na escada rolante. Muita gente reclama da
falta de educação das pessoas no metrô, mas a mesma coisa acontece no trânsito
(posso garantir isso, porque se tem uma coisa que eu conheço bem, é o
trânsito). A caminhada pelo túnel da linha verde para a linha amarela se
assemelha à saída de estádio lotado, ou, sendo mais ácido no comentário, à
caminhada de bois para o matadouro. Como tem gente em São Paulo!!
Saí do metrô e caminhei em direção ao ponto de ônibus. Ao sair
na rua, vi os ônibus completamente abarrotados. Pensei que novamente não teria
vida fácil. Mas ao chegar no ponto, avistei uma lotação indo em direção ao meu
destino e rapidamente entrei. Era como um microônibus. Não estava lotado, mas
não tinha lugar para sentar. Fui em pé todo o caminho. A lotação é um meio de
transporte bem perigoso. Por ser mais ágil, o motorista acaba comentendo mais
abusos. As freadas são bruscas e o veículo te chicoteia para direita e para
esquerda. O trânsito estava pesado e o motorista usava as áreas de escape e
entradas de ponto de ônibus como verdadeiros corredores. Quando o trânsito
começou a andar, a aventura ficou mais intensa. Meu microônibus se transformou
em um carro de formula 1 e meu motorista virou o Fernando Alonso. Só que àquela
hora, meu desejo de chegar em casa era tão grande que nem liguei. Desci no
ponto em frente à estrada que leva ao meu condomínio completamente esgotado.
Pensei que ainda teria que fazer uma caminhada longa. Mas resolvi que não iria
caminhar e decidi pedir carona (tal como fazia quando era adolescente). Para
minha surpresa consegui carona fácil. Não fiquei nem mesmo 10 minutos esperando.
Vim conversando com o homem que me transportava, contando parte dessa jornada
que narrei aqui. Ele mudou um pouco seu caminho para me deixar mais próximo de
casa. Agradeci, desci do carro e caminhei mais alguns metros até terminar essa “aventura”.
Minha intenção com essa experiência não foi a de querer
experimentar o que os outros passam, nem de querer me mostrar bonzinho. Foi
apenas de sair da minha rotina. E posso dizer que apesar de todo o perrengue
que passei, foi legal. Fiz coisas que nunca faço, vi por um outro ângulo as
coisas que vejo todos os dias e meu dia foi bem diferente. Sim, tem também o
fato de sentir na pele o que as pessoas com mais dificuldades financeiras
passam. Passo a valorizar mais as pessoas que se esforçam para chegar no trabalho
(vou pensar duas vezes antes de achar ruim o atraso de algum funcionário que
more longe) e agradeço mais por ter meu carro.
Para aqueles que reclamam da vida, da rotina ou do seu trabalho, sugiro
essa experiência. Com certeza a visão muda. E é uma maneira divertida de
quebrar sua rotina e fazer algo de diferente. Agora são 22h20 e eu estou
completamente esgotado...mas feliz e agradecido por tudo o que tenho. Boa
noite!
22.7.12
Dia 21 - Fazer um elogio inesperado / inusitado
Perdi um pouco do ímpeto do começo do desafio, nos últimos
dias. Já imaginava que isso poderia acontecer, que teria dificuldade especialmente
para completar as últimas tarefas. A verdade é que recentemente percebi que
tenho dificuldade em terminar as coisas que começo. Considero-me uma pessoa com
bastante iniciativa, gosto de fazer coisas novas o tempo todo, mas muitas das
coisas começam com um ímpeto grande e bastante energia envolvida e depois
acabam sendo deixadas de lado. Se por um
lado esse comportamento me traz novas experiências e contato com coisas novas,
por outra, sei que não é legal deixar coisas inacabadas.
E exatamente por isso, sei que preciso me forçar mais a ter
constância e não deixar esse sentimento se
dissipar. Faltam poucas tarefas e
vou me dedicar essa semana a cumprir com mais disciplina. Sei que tem pessoas
acompanhando de perto essa minha jornada e prometo não decepcionar.
Ontem fui a um shopping aqui perto de casa, para ver se
encontrava um livro que estou querendo comprar e aproveitar para jantar. Sair
sozinho para um passeio desses é interessante pois você consegue reparar melhor
nas pessoas em volta e no local. Dei sorte, pois, por acaso estava rolando um
festival de música no local. Quem me conhece sabe como gosto de música e em
especial ver músicos performando ao vivo. No pequeno palco montado, havia uma
dupla com um cara no violão e uma moça cantando. Versões acústicas de pop e
rock, do estilo que eu gosto. Fiquei acompanhando por alguns bons minutos e
depois fui comer alguma coisa, tentando ficar o mais próximo possível de onde
eles estavam tocando. Consegui uma mesa que não dava visão para o palco, mas o
som podia ser ouvido com clareza. O que mais gosto da música, não é
simplesmente as composições, ou a melodia, mas o efeito que a música tem no
ambiente. É como se estivéssemos em um filme e rolasse uma trilha sonora de
fundo, embalando nosso pensamento. A música entra em vibração com nossa energia
e influencia nosso comportamento e nossas emoções, como se fôssemos uma coisa
só. Fiquei um tempão esperando meu pedido que demorou muito, mas o fato de
estar escutando boa música fez com que nem ligasse muito.
Após terminar de comer, percebi que estava um pouco atrasado
para o aniversário de um amigo e decidi ir embora. Enquanto esperava o elevador
chegar, notei uma mulher vindo apressada em direção ao corredor em que me
encontrava. Notei que era a moça que estava cantando no palco. Prestei atenção
ao som, para ver se de fato era ela e como ouvia vocal masculino, conclui que
era. Pensei em abordá-la para elogiar sua música. Nesse exato segundo, passaram
alguns pensamentos pela minha cabeça como “ela deve estar com pressa, vou
atrapalhar, ou vai ser esquisito, ou o elevador já vai chegar” Tudo em 3
segundos. As mesmas coisas que passam pela minha cabeça sempre que vou fazer
alguma coisa que não está no script da minha rotina. Cortei esses pensamentos
com a ação.
- Moça, é você que está cantando no palco, né?
- Isso – respondeu um pouco surpresa com a abordagem
repentina e num local meio inusitado.
- Parabéns, o som está muito bom e vc ta cantando demais!
Ela abriu um enorme sorriso e agradeceu. Eu fiquei
satisfeito por ter feito algo que queria fazer.
E esse é um dos grandes aprendizados que estou tendo com
esse desafio. Mesmo quando queremos fazer coisas boas, quando pretendemos fazer
alguma ação que vai fazer o bem para outra pessoa, relutamos. Porque não é
normal. Para algumas pessoas, talvez fazer elogios em qualquer lugar possa ser
uma tarefa comum e fácil. Para mim, nem tanto. E vamos mais uma vez buscando
sair da inércia, quebrar o status quo e mudar o comportamento...
18.7.12
Dia 20 – Pensar em uma idéia para mudar o mundo
Esse desafio foi sugerido pelo meu amigo Edgar Chaves.
Quando ele lançou essa idéia, torci um pouco o nariz, achei que pudesse ser
muita presunção, ou algo impossível de realizar. Ele me disse então que a idéia
era apenas pensar em alguma coisa, e dividir. Mesmo que fosse utópica ou mesmo
que fosse só uma idéia vaga.
Desde que comecei o desafio, passei a prestar mais atenção
nas coisas ao meu redor. Consegui ficar mais tempo no momento presente, e
atento a tudo que deixamos de notar quando estamos presos nos nossos próprios
pensamentos. E para mim, as coisas mais legais de se notar são as pessoas e a
natureza. Faço isso especialmente no trânsito, tentando transformar um tempo
perdido num tempo produtivo. Fico tentando advinhar o que se passa na cabeça
das pessoas e quais são os problemas em que estão pensando. A outra coisa legal de se reparar é a
natureza. Em SP podemos ver como as leis da natureza são fortes, quando mantém
árvores enormes em meio ao concreto e à fumaça.
Outra coisa que aconteceu depois que comecei o desafio é que
passei a gostar de cuidar do jardim de casa. Tenho ajudado mais meu pai e de
fato estou pegando gosto pela atividade. Quando se está trabalhando com a terra
e com as plantas, você aumenta sua percepção do momento presente, acalma seus
pensamentos e aprende como a vida funciona. O mecanismo da vida está lá. Na
preparação da terra para jogar uma semente, na paciência para esperar brotar e
esperar crescer. Outro dia vi uma frase que gostei tanto que anotei: “paciência
é o intervalo entra a semente e a flor”. Então, quando se está em contato com a
natureza, você se conecta com sua força interior e fica mais próximo do seu eu
verdadeiro.
Vivemos em um mundo onde as pessoas estão pensando somente
no material e acho que essa é a causa dos problemas. O foco no lucro te faz
trabalhar mais, para juntar mais dinheiro, para poder comprar mais, para poder
ter conforto, para poder ter condições de dar uma boa casa pra sua família,
para poder dar boa educação para os filhos, para que eles possam ter condições
de ir a boas universidades, e conseguir bons empregos, e ganhar
mais....ufa...nao tem fim!
É aí que entra minha idéia para mudar o mundo. Precisamos
fazer a sociedade voltar a ter esse contato com a natureza. O que é da natureza
é muito mais belo que tudo e traz muito mais aprendizado (por que será que os
sábios e filósofos sempre usam parábolas com animais e a natureza?). Ali está
todo o conhecimento que precisamos. E com mais contato com a natureza,
estaríamos mais tempo no presente, mais conectados com a verdade e os
sentimentos negativos, aos poucos iriam se dissipando...
Essa é a raiz da minha idéia, vou desenvolver melhor nos
próximos dias...
16.7.12
Dia 19 - Dar uma ajuda profissional de graça
Há alguns meses, meu amigo designer Ahmed se ofereceu para
fazer gratuitamente o material gráfico dos meus cartões de visita. Como senti
que foi de coração, aceitei e o material que ele entregou foi excelente. Fiquei
feliz demais com o resultado, dei um presente em troca, mas nada que pagasse
pelo ótimo serviço realizado. Quando surgiu a oportunidade, contratei seu
serviço para montar alguns materiais para minha empresa (dessa vez pagando). O
resultado ficou bom novamente e meu sócio indicou-o para sua irmã, que
contratou seus serviços também.
O hábito de fazer mais do que é obrigado a fazer é um grande
imã de oportunidades. Você faz alguma coisa por alguém sem cobrar, ou cobrando
um valor menor que de mercado e fazendo de coração, o resultado será legal, é
inevitável. E então a pessoa além de se sentir satisfeita com o resultado,
sente vontade de ajudá-la a fazer mais contatos. O Ahmed é só um exemplo. Meu
amigo Gui fez isso, meu amigo Nilmar está fazendo isso, tenho alguns
bons exemplos.
Quando comecei a trabalhar com coaching, foi essa estratégia
que adotei (e é também o que meu primo Rafael está fazendo, inclusive comigo).
E acabei recebendo bons frutos, com boas indicações de gente que ajudei de
graça. Hoje recebi a visita de um amigo que me chamou para conversar. Ele está
com idéia de um novo negócio para começar, mas como sua formação não é em
administração ou algo do gênero, está com um pouco de dificuldades. Uma das
coisas legais de ter seu próprio negócio é que você acaba servindo de modelo
para muitos de seus amigos, que buscam objetivos de carreiro solo. Ele veio
pedir alguma ajuda de como organizar melhor suas idéias. Tenho sempre o maior
prazer em ajudar meus amigos e especialmente a estimular as pessoas a encararem
desafios diferentes do que a maioria das pessoas busca. Obviamente que topei
ajudá-lo e vou aproveitar para trabalhar algumas sessões de coaching com ele,
pois acho que no seu caso, pode potencializar seus projetos. Nesse caso, faria
isso de qualquer maneira, pois é um grande amigo, não estou fazendo pelas
tarefas. Mas como essa é uma das tarefas que estão no meu desafio, mais uma
missão cumprida ;).
Agora estou pensando enquanto escrevo. Surgiu-me uma idéia
que pode ser interessante. Vou pedir para que ele preste um serviço profissional
de graça a alguém, como forma de me remunerar pela ajuda que darei. E que peça
para essa pessoa a quem ele ajudar, pague ele com serviços prestados
gratuitamente para outra pessoa. Uma idéia como a do filme A Corrente do Bem,
mas com serviços profissionais. Eu sempre pensei em trabalho como a maneira com
conectamos com o mundo. Cada um é uma
pequena peça numa engrenagem gigante que faz o mundo evoluir e a economia
girar. Se fizéssemos isso, poderíamos mudar um pouco o conceito de trabalho e
tudo passaria a ser mais prazeroso. Pensem nisso. Pense na sua profissão e veja
como você pode ajudar a alguém gratuitamente. Mesmo que você não seja
especializado em nada, pode ajudar algum amigo com alguma consultoria na sua
área, ensinar alguma ferramenta que saiba utilizar, dicas de contatos que você
tem, sei lá. Como o Ahmed e o Gui fizeram, como o Rafa e o Nilmar estão
fazendo, como alguns amigos seus já fizeram com você...E quem sabe assim, o cenário não começa a melhorar?
15.7.12
Status do Desafio
2.
Dar flores para uma mulher
5.
Dar uma gorjeta gorda para alguém que lhe
prestou um serviço
9.
Visitar um parente que você não veja com
frequência
14.
Convidar amigos para um jantar
15.
Fazer um elogio inesperado / inusitado
16.
Dar bom dia para 10 pessoas diferentes
18.
Dizer “Eu te amo” para alguém que você não
costuma dizer
23.
Ensinar alguma coisa que você saiba fazer a
alguém
25.
Dar uma ajuda profissional de graça
28.
Recolher todo o lixo que encontrar na rua
29.
Pensar em uma idéia para mudar o mundo
30.
Um dia sem carro
Dia 18 - Aprender algo que sempre quis fazer
Ontem postei duas tarefas no mesmo dia, mas na verdade fiz
apenas a primeira. Postei a segunda na empolgação da compra do meu kit de
mágicas, mas ainda não tinha aprendido nada. Hoje separei alguns minutos pra
tentar aprender alguma coisa.
Como disse ontem sempre fui fascinado por mágica e ilusão e
ver alguns segredos revelados estraga um pouco da graça. Alguns são tão fáceis
e óbvios depois de descobertos que você acaba se achando muito besta. Mas é aí
que está o segredo. São tão óbvios, mas são feitos com extrema destreza que
enganam a todos.
Assumo que não levo muito jeito para a coisa, mas acho que
isso acontece porque minha prática é zero. Qualquer coisa nova que você comece,
é dificílima. Como quando comecei a tocar violão. Não acertava as notas e não
conseguia montar os acordes. A vontade que dá é de quebrar tudo e fazer outra
coisa. Mas aos poucos, com persistência, repetição e prática as coisas começam
a sair mais naturais. Acho que em tudo é assim né?
O que pude perceber com essa tentativa de aprendizado de
mágica é que temos pouca consciência corporal. O que quer dizer é que não temos
habilidade nos nossos movimentos dominando o corpo completamente. Alguns
truques de baralho por exemplo, exigem apenas uma rápida movimentação da mão e
dos dedos. Como estamos acostumados a fazer a mesma coisa sempre, não
desenvolvemos essa habilidade. Imagina se uma pessoa resolvesse dedicar sua
vida a ter todas as habilidades motoras possíveis desde pequena? Não acho que
seria impossível isso, e com certeza ela conseguiria praticar muitas atividades
diferentes...
14.7.12
Dia 17 - Dar um presente a sim mesmo e Aprender algo que sempre quis fazer
Alguns amigos me perguntaram por que incluí dar um presente
a si mesmo em um desafio para se tornar uma pessoa melhor. “Por que não dar um
presente a alguém?” A resposta é muito simples. Porque precisamos valorizar a
nós mesmos também. Querer fazer bem a si mesmo não é um ato egoísta. Egoísta é
querer fazer bem a si o tempo todo, prejudicando ou deixando de prestar atenção
aos outros. Depois de quase 3 semanas pensando em ações que pudessem valorizar
outras pessoas, achei que era justo pensar em algo para mim também.
Mas para realizar essa tarefa, utilizei uma caixinha que
criei há alguns meses. Todos os dias (pelo menos eu tento que seja todos os
dias) quando chego em casa, deposito uma moeda, ou algum dinheiro em uma
caixinha que tenho no meu quarto. A idéia é que sempre, ao final do mês, eu
utilize esse dinheiro para comprar alguma coisa para mim, que não compraria
normalmente. Não falo de coisas fúteis, mas coisas que gostaria de ter, mas em
condições normais optaria por não gastar com isso. Conto as moedas e notas, vejo
quanto dinheiro guardei e saio ao shopping para ver como posso gastar. A idéia
é zerar essa caixinha, para recomeçar do zero no mês seguinte. Pretendia fazer
isso todos os meses, mas acabo deixando passar e não sigo à risca essa regra. Normalmente
não passa de 40, 50 reais.
Aproveitei que no último mês não zerei esse caixa para
comprar me dar algo de presente com o que juntei. Fui a um shopping perto de
casa e rodei procurando algo que me interessasse e que não fosse roupa, ou algo
que precisasse com urgência (por exemplo, não posso gastar esse dinheiro com
pilhas, lâminas de barbear e pão). Não estava vendo muita coisa interessante.
Não sou muito consumista, nem muito fã de shopping centers e quando vou, quase
sempre volto sem comprar nada.
Estava quase desistindo de comprar algo hoje quando vi uma coisa que sempre gostei. Mágicas! Sempre fui fascinado por shows de mágica,
Davids Blaine e Copperfield, mágicos de circo e não perdia um episódio do Mr. M.
hahahah. Um quiosquinho de mágicas. Por algum motivo, sempre tive vergonha de
pedir para o aspirante a mágico da loja me mostrar as mágicas, porque sabia que
não iria comprar, e então passava direto. Dessa vez, parei, pedi algumas
demonstrações e acabei comprando um kit com todas as minhas moedinhas e notas. Saí
feliz. Foi como comprar um presente quando criança. Depois de alguns anos trabalhando no mercado de brinquedos, comprar um brinquedo para mim voltou a ser uma experiência muito gostosa. E ainda cumpri duas tarefas no mesmo dia, já que vou aprender alguns truques... ;)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------//-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Agora um breve update. Aproveitei o sábado para
visitar meu amigo Sr. Eduardo (de quem falei no segundo dia). Fui até seu apartamento em Diadema para
encontrá-lo. Faz quase um ano que o conheci e imaginava que era uma daquelas
pessoas que jamais voltaria a ver. Por sorte, esse desafio me forçou a sair do
meu lugar comum e fazer coisas novas (até porque jamais havia ido para Diadema antes). Foi uma visita bastante especial. Ele
estava sozinho e ficou bastante feliz com minha presença. Conversamos um pouco
sobre a experiência no retiro em que estivemos juntos e depois ele começou a me
contar algumas histórias de sua busca espiritual. Contou que já passou por 6
grupos religiosos diferentes, me mostrou fotos e um material que me impressionou.
Abriu o notebook (com uma destreza incrível para alguém de 84 anos) e começou a
me mostrar os aquivos de seu pen drive.Tinha dezenas de arquivos em Word de
textos de espiritualidade, mensagens que compilou e devaneios e interpretações
que escreveu. Disse que havia desenvolvido algumas técnicas de cura e energização
e estava tudo registrado. Como gosto demais desses assuntos, ele viu que me
interessei bastante e prometeu me passar por email alguns desses arquivos.
Ao
final da minha visita, entregou-me um livro de contos que tem publicado e
autografou com uma dedicatória.
Fiz uma visita rápida, poderia ter ficado mais tempo. E esse
tempo foi suficiente para perceber como estamos cada vez mais nos isolando.
Estamos cada um de nós, presos aos nossos próprios pensamentos, refletindo
sobre nossos próprios problemas e buscando cada vez menos contato social. E com
isso, cada um vai ficando isolado em sua casa e se sentindo solitário. Temos
muitos conhecidos, mas passamos cada vez menos tempo perto dessas pessoas. Não
é preciso muito, basta uma decisão de sair do estado de inércia e da zona de
conforto. Certeza que existem diversas pessoas que gostariam de nos encontrar e
não estamos fazendo nada para isso acontecer. Nem elas.
13.7.12
Dia 16 - Ligar para alguém com quem você tenha brigado / cortado relações
Não consegui cumprir a meta de fazer uma atividade diferente
por dia, durante 30 dias seguidos. De alguma maneira, já imaginava que isso
acabaria acontecendo. É extremamente difícil seguir qualquer desafio por 30
dias seguidos, mantendo suas atividades do dia-a-dia normalmente. No entanto,
para mim não muda muita coisa. O mais importante é manter o espírito de
praticar ações que beneficiem outras pessoas e maneira regular.
Hoje falarei sobre uma tarefa simples, mas que tem grande
impacto na minha vida. Quando comecei a desenhar as 30 tarefas, achei que seria
interessante colocar o tema “ligar para alguém com quem tenha brigado / cortado
relações”, pois penso que perdoar, ou superar mágoas é uma das tarefas mais difíceis para qualquer ser humano de hoje em dia. No entanto, após definir esse tema, achei que o nome que
dei é um pouco pesado. Sendo bem honesto, acho que não tem ninguém com quem
tenha cortado relações ou brigado a ponto de deixar de falar. Por isso, hoje contarei sobre dois episódios de amigos com quem tenho falado pouco ultimamente. Não citarei nomes dessa vez, mas acredito que as
pessoas que fazem parte desses episódios estão acompanhando meu blog e por isso vão
saber que estou falando delas.
O primeiro episódio envolve a primeira pessoa que me veio a
cabeça quando pensei nessa tarefa. É um amigo meu com quem cheguei a desenvolver
uma atividade empreendedora. Fizemos uma boa parceria por algum tempo, mas
quando decidimos não levar adiante nosso projeto, acabamos perdendo um pouco o
contato. Todo tipo de rompimento leva a algum tipo de mágoa. Não no sentido de
culpar a outra por alguma atitude, mas simplesmente porque quando as coisas não
saem como planejamos, ficamos frustrados. E acho que todos nós esperamos mais
das pessoas em qualquer situação. E quando você fica um tempo sem falar com uma
pessoa, o esforço necessário para voltar a falar é muito grande. É muito fácil
perder o contato e muito difícil de reaproximar. O contato se perde de maneira
natural. Você vai se afastando e quando percebe, já ficou tanto tempo sem falar
com a pessoa que sente grande dificuldade em retomar o contato.
Essa semana, comecei a pensar nessa tarefa que estou
descrevendo hoje e aconteceu uma “coincidência”
grande. Voltando do feriado em Belo Horizonte, estava matando hora no
Aeroporto de Viracopos, esperando para voltar para São Paulo. Coincidentemente,
encontro esse meu amigo que citei acima. Achei incrível. Estava pensando em
ligar para ele esses dias (fiquei receoso de que pensasse que ligaria apenas
para cumprir uma tarefa e posterguei) e acabo encontrando-o depois de vários
anos. Apesar de dizer “coincidentemente”, não acredito em coincidências. Acho
que nós nos abrimos para oportunidades e coincidências pela coisas que pensamos
e pela postura que adotamos. Tivemos uma conversa breve, mas foi o suficiente
para quebrar o gelo e quebrar uma barreira invisível que criamos. Falo por mim,
mas acredito que algo parecido deva ter passado por sua cabeça nesse período...
O segundo episódio envolve uma pessoa ainda mais próxima. O
cara foi (e ainda é) um dos melhores amigos que tenho na vida, mas nos últimos
anos se distanciou de mim e dos outros amigos do nosso grupo. Muito pelo fato
de ter mudado o estilo de vida, parte por ter iniciado um novo relacionamento,
e também por ter se mudado para outra cidade. Quando uma pessoa muito próxima se afasta,
nosso comportamento natural é jogar para ela a responsabilidade de retomar o
contato. Mas uma coisa que aprendi, é que para mantermos relacionamentos de
amizade duradouros, devemos abrir mão de achar que estamos certos, ou esperar
que a outra pessoa tome a iniciativa do contato. Ontem decidi ligar para ele,
para bater um papo e conversar. Acabei não conseguindo contato pelo celular e
decidi que tentaria de novo hoje. Antes de ligar, entrei no Facebook e para
minha surpresa, hoje era o dia do seu aniversário! Havia me esquecido
completamente e aí pensei: Por que será que pensei em ligar ontem? “Coincidência”?
Acho que não...
Conversamos por um período breve, mas quando grandes amigos
conversam, mesmo depois de muito tempo, parece que o último contato foi há
menos de uma semana. Mais uma vez, foi o suficiente para quebrar o gelo e
romper a barreira invisível.
A cada dia desse desafio, percebo que estou rompendo
barreiras invisíveis que me separam e me isolam das pessoas. Amarras mentais
que se quebram, ilusões psicológicas que desaparecem com simples ações que não
exigem nada de esforço. E então algumas “coincidências” acontecem. Como essas
duas que contei.
A tecnologia de hoje,
ao mesmo tempo em que aproxima as pessoas, as isola. Você sabe o que as pessoas
estão fazendo, quais lugares freqüentou na última semana. Sabe onde elas
trabalham e onde costumam sair para se divertir. Mas se você ligar para elas,
vai soar estranho: “Por que essa pessoa está me ligando, ao invés de mandar
email ou deixar um recado pelo facebook?” E então não ligamos. Não conversamos.
Telefonar é muito pessoal. Somente telefonamos para pessoas muito próximas. Não
tem alguma coisa errada nesse mundo?
12.7.12
Dias sem postar
Pessoal, esses últimos fui derrubado por uma virose e acabei de cama. Pela primeira vez em muito tempo, nem trabalhar fui... Nao estou deixando de lado o projeto e já estou planejando as próximas ações.
Sim, eu sei que é uma desculpa, mas dessa vez acho que é válida. Para aqueles que estão acompanhando todos os posta, prometo caprichar nas próximas atividades...
Até amanha...
Sim, eu sei que é uma desculpa, mas dessa vez acho que é válida. Para aqueles que estão acompanhando todos os posta, prometo caprichar nas próximas atividades...
Até amanha...
10.7.12
Dia 15 - Passar adiante a Idéia do desafio das 30 ações para alguém
O post de hoje não é sobre algo que eu fiz, mas sobre algo
que outra pessoa fez. Meu amigo Edgar Chaves começou hoje a fazer o desafio e
assim, me ajudou a cumprir uma das tarefas ;).
Certeza que vai ser incrível para ele, assim como está sendo
para mim e o mais legal é que não vai ter nada a ver com o meu. Cada um tem uma
visão diferente das coisas e passa por experiências diferentes. Vai ser muito
bom acompanhá-lo nessa jornada.
Para aqueles que me disseram que também querem começar o
desafio, digo. Mudem o nome, criem outras tarefas, mas comecem. Apenas comecem.
Segue o link para o blog do Edgar.
9.7.12
Dia 14 - Convidar alguém para um passeio
Quando escrevi as 30 tarefas no blog, ainda não havia
começado o desafio. Depois dos primeiros dias, já pude perceber que algumas
tarefas, pela maneira como escrevi, não eram o que eu queria dizer. Mas achei
melhor manter como estava desde o início. A de hoje é uma dessas. A proposta da
tarefa de convidar alguém para um passeio era com o foco no passeio e não no
convite. Portanto, considerem a descrição da 14ª tarefa como sendo realizar um
passeio.
Esse domingo fiz um dos passeios mais espetaculares que já
realizei. Quem me conhece bem, sabe que costumo ser meio exagerado e usar
muitos superlativos nas descrições de experiências e descobertas. Mas dessa vez
não é nenhum exagero.
Fui com a Vitória (o motivo da minha viagem para BH) ao
Instituto Inhotim, em Brumadinho, a 60km de Belo Horizonte. Havia visto algumas
fotos e sabia que era um lugar bonito. Mas me surpreendi com a beleza e a
estrutura do local. O Inhotim é um misto de parque, jardim botânico e museu. É
um museu de arte contemporânea inserido em uma imensidão verde. O fato de ser
localizado em uma cidadezinha do interior de Minas já confere um ar de
exclusividade ao espaço.
Lagos incríveis com espelhos de água verdes, gramados bem
cuidados e uma vegetação nativa contrastam com galerias de arte e obras
modernas por todos os 1.000.000 m2. Não entendo nada de arte moderna e nem
costumo freqüentar museus em São Paulo, mas passear por esse espaço me fez
ficar interessado por tudo.
Queria colocar um passeio como tarefa nesses 30 dias porque
sabia que é uma ótima oportunidade para reflexão e quebrar o padrão de
pensamento de todos os dias. Respirar ar puro de verdade e ter um contato tão
próximo com a natureza já nos faz conectar com nosso interior. Passear por um
local como Inhotim o faz prestar atenção em coisas que passam sempre
despercebidas e estimula ver o mundo com outros olhos, sob um outro prisma. É
legal ir acompanhado a esse tipo de lugar pois a percepção de outra pessoa te
faz ver coisas que não está reparando. A Vitória é estudante de design e vem do
interior de São Paulo. Tem uma visão totalmente diferente da minha em relação a
arte (eufemismo para dizer que conhece muito mais que eu) e um conhecimento
vasto e espontâneo sobre a natureza.
Recomendo a todos que façam esse passeio. Não deve em nada a
nenhum parque de outros países. Deveria ser muito mais divulgado e parada
obrigatória para todos os brasileiros.
Dia 13 - Visitar alguém que more em outra cidade
9 de julho. Feriado em São Paulo. Não postei minhas tarefas
dos últimos dias, mas não quer dizer que tenha deixado de realizar.
Umas das maiores amarras mentais que temos é a dificuldade
em visitar pessoas que moram em outras cidades. Acredito que todo mundo deva
ter algum parente, ou amigo que more em outra cidade, quando essa pessoa vem
para sua cidade, você a encontra, promete que vai visitar e nunca vai. Aí
encontra novamente e diz que tava difícil, correndo demais, sem tempo, ou sem
dinheiro.
Mas a verdade é que tudo isso são desculpas que damos a nós
mesmos e o pior: nós acabamos caindo e acreditando nessas desculpas e tomamos
como verdade. Sempre que queremos de fato encontrar alguém, damos um jeito.
Remanejamos nossas agendas, nos programamos para comprar com antecedência uma
passagem mais barato e organizamos nossas finanças.
Pensei nisso, pois nesse final de semana fui visitar uma
pessoa muito especial em Belo Horizonte. Não precisei me programar tanto para
ir, apenas decidi ir e fui. A distância é uma barreira ilusória. Muitas vezes
estamos mais distantes de pessoas que estão morando na mesma cidade que nós e
nunca encontramos (especialmente se você mora em São Paulo).
Algumas pessoas vêem o ato de viajar como uma coisa muito
grande, que exige um esforço e preparação enorme. Mas a verdade é que viajar
não depende de nada disso. Depende apenas de se colocar em movimento. Certa vez
li um escritor que havia viajado o mundo todo dizendo que muitas pessoas dizem
o invejar por ter conhecido tantos lugares. Ele disse que apenas teve mais
coragem que os outros, já que viajou muitas vezes sem dinheiro e se sujeitando
a dormir em estações de trem e aeroportos. Concordo. Seja para fazer viagem de
lazer, como para fazer uma simples visita a alguém que more longe, basta
decidir ir. E tudo fica mais fácil.
Aos meus amigos que moram em outras cidades e ainda não
visitei. Esqueçam minhas desculpas. Apenas não tive força de decisão suficiente
para sair de SP para visitá-los. Mas estou mudando isso e em breve estarei
passando por aí...
Assinar:
Postagens (Atom)